Augustin: PIB do 1º tri representa realidade já alterada
Brasília - O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse hoje que o resultado do crescimento da economia nos primeiros três meses deste ano representa outra realidade, que já foi alterada. Segundo ele, após o fechamento do primeiro trimestre, quatro efeitos contracionistas importantes para a economia brasileira ocorreram: a crise nos países europeus; o aumento […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
Brasília - O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse hoje que o resultado do crescimento da economia nos primeiros três meses deste ano representa outra realidade, que já foi alterada. Segundo ele, após o fechamento do primeiro trimestre, quatro efeitos contracionistas importantes para a economia brasileira ocorreram: a crise nos países europeus; o aumento da contenção fiscal por meio de um corte de despesas de R$ 10 bilhões; o fim da política de incentivos fiscais para alguns setores; e a elevação de juros como medida da política monetária.
"O PIB do primeiro trimestre representa outra realidade que foi alterada e, portanto, entendemos que o equilíbrio do crescimento, ao longo deste ano, está mantido", disse Augustin, que esteve em reunião fechada com representantes da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara para apresentar um balanço das contas do governo.
Augustin disse ainda que é bom que o crescimento no início deste ano tenha sido forte, mas afirmou que "obviamente" ele não vai se manter nesse patamar ao longo do ano. O secretário disse também que o valor nominal do superávit primário será elevado para acompanhar as novas projeções nominais do PIB. "A meta para 2010 é em relação ao PIB (3,3%). Toda a vez que altera as projeções nominais, a meta acompanha. Ela possivelmente vai aumentar um pouquinho. Mas são ajustes. Não chega a ser uma preocupação de grande monta."
Europa
Augustin afirmou também que a maior preocupação do governo em relação à crise nos países europeus é o contágio na atividade econômica, ou seja, que a crise na Europa, assim como a americana, reduza o crescimento econômico. No entanto, o secretário disse que ainda é cedo para qualquer avaliação neste sentido. "Penso que é preciso monitorar. A gente tem a expectativa de que os países europeus consigam enfrentar bem este momento", disse Augustin.
Segundo ele, o reflexo no Brasil dependerá de algumas variáveis como, por exemplo, o tamanho da crise no exterior. Ele, no entanto, lembrou que o Brasil já tem experiência do problema passado nos Estados Unidos, quando o governo agiu de forma rápida e conseguiu vencer uma crise fortíssima. "O Brasil está cada vez mais preparado para estes momentos. Até pela experiência recente, a gente está em condições de enfrentar. Agora, tem de enfrentar. Sempre monitorando e, quando e se for o caso, agir", declarou o secretário, que esteve reunido com deputados da comissão de Finanças e Tributação da Câmara.
Augustin destacou que, do ponto de vista financeiro, o País está muito sólido e tranquilo porque tem reservas internacionais altas e uma dívida externa bastante avançada na sua rolagem. Segundo ele, do lado da dívida externa, o governo já tem dólares suficientes para o pagamento nos próximos meses. "Os títulos que a gente emite são basicamente de caráter qualitativo. Ou seja, para formar uma curva que permita que as empresas brasileiras se financiem no exterior. Então, ela é basicamente para que o País possa ser conhecido e que possa haver título do Tesouro que sirva de base para negociação do setor privado. É muito mais isso do que propriamente rolagem".
O secretário disse que a crise na Europa não tem levado o Tesouro a adiar a emissão de novos bônus externos. Ele lembrou que a política do Tesouro é de lançar esses papéis somente em condições favoráveis de mercado, exatamente porque são qualitativos. "Nós não temos a obrigação de lançar títulos porque lançamos apenas para substituir e melhorar o perfil (da dívida). Não temos problemas de financiamento. Pelo contrário. A gente já tem bastante avançada a compra de moeda estrangeira para o pagamento da dívida externa nos próximos meses", reiterou.