União Europeia: organização EUBrasil sugeriu que UE e Brasil negociem vários acordos bilaterais sobre diversos assuntos "não comerciais", como normas, padrões e investimentos (Daniel Roland/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2013 às 12h38.
Bruxela .- A associação EUBrasil, que apoia o desenvolvimento das relações econômicas entre Brasil e União Europeia, pediu nesta quinta-feira que a UE impulsione acordos bilaterais paralelamente à negociação de um acordo de associação entre o bloco europeu e o Mercosul, mas sem prejudicá-la.
A organização enviou uma carta ao vice-presidente da Comissão Europeia (CE) e titular de Indústria, Antonio Tajani, na qual propôs várias recomendações pensando na visita oficial que o italiano fará ao Brasil nos próximos dias 10 e 11.
O presidente de EUBrasil, Luigi Gambardella, considera na carta que essa viagem será uma "grande oportunidade para reforçar a cooperação e coordenar atividades conjuntas" entre as duas partes.
Entre outros aspectos, destacou que o Brasil, da mesma forma que a UE, "realiza reformas para romper com a estagnação de sua economia" e inicia "programas de competitividade", especialmente na área das infraestruturas.
"A UE deveria impulsionar uma política para atrair e facilitar o investimento brasileiro na Europa", comentou.
Gambardella ressaltou a perspectiva de que não será possível chegar "em um futuro imediato" a um acordo entre UE e Mercosul, já que as negociações seguem "agarradas desde 2004".
Ele também opinou que o Brasil precisa se abrir a mais mercados para impulsionar um modelo de crescimento mais competitivo, assim como abrir mais seu próprio mercado.
Por isso, para tentar "desbloquear" essa situação, a organização sugeriu que UE e Brasil negociem vários acordos bilaterais sobre diversos assuntos "não comerciais", como normas, padrões, investimentos, tributação, facilidades para os negócios, e barreiras técnicas não tarifárias.
"Isto pode ser feito sem colocar em perigo o Mercosul", ressaltou Gambardella.
Na sua opinião, essa situação facilitaria as conversas bilaterais, enquanto o Mercosul "se manteria como um guarda-chuva de negociação" sob o qual cada país membro poderia conseguir compromissos "mais lentos" ou "mais rápidos" para liberalizar seu comércio.
O vice-presidente lembrou que situação semelhante já aconteceu entre a Comunidade Andina de Nações (CAN) e a UE, que optou finalmente por avançar na negociação de um tratado de livre-comércio com os países que se mostraram dispostos a isso, caso de Colômbia e Peru.
"A economia brasileira está em uma encruzilhada. Também está a europeia. Uma relação mais profunda entre os parceiros poderia promover um êxito crucial", acrescentou.