Peso argentino: moeda se desvalorizou 15,6% frente ao dólar desde o dia 25 de abril (Diego Giudice/Bloomberg)
EFE
Publicado em 11 de maio de 2018 às 21h44.
Buenos Aires - A forte desvalorização do peso argentino registrada nas últimas semanas é uma "questão conjuntural", fruto da alta dos juros nos Estados Unidos, e "em poucos dias será história", segundo garantiu nesta sexta-feira Francisco Cabrera, ministro de Produção do governo de Mauricio Macri.
"Para nós não é um problema que se ajuste a taxa de câmbio, mas o que não pode acontecer é que haja situação de crise", ressaltou o ministro à imprensa após participar junto com o presidente Mauricio Macri de uma reunião na residência presidencial de Olivos, na periferia norte de Buenos Aires, com uma dezena de empresários.
Desde o último dia 25 de abril, o peso argentino se desvalorizou 15,6% frente ao dólar - apenas hoje retrocedeu 2,59% -, o que transtornou fortemente o setor político, econômico e social do país e obrigou o governo a começar a negociar créditos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros organismos para atenuar as consequências.
"Entendemos que é uma questão conjuntural, que em poucos dias será história, e nós temos que preocupar-nos com isto que estivemos fazendo nestes últimos meses, que é fazer a economia crescer", acrescentou Cabrera.
Consultado se esta situação vai se ver refletida em uma eventual alta de preços cotidianos - que piorasse a já alta inflação -, o ministro de Produção reconheceu que "há produtos dolarizados" por serem alimentos que o país exporta, como trigo, milho e farinha, "que é possível que sejam mudados".
O final da semana coincide com a volta de Washington do ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, onde se reuniu com a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, para iniciar as negociações de um acordo para enfrentar a crise cambial.
Cabrera indicou que na reunião com empresários, convocados por Macri para tratar uma ampla diversidade de temas, se tratou a "situação do acordo com o FMI", que lembrou que "tem a ver com a particularidade do desânimo que o mercado cambial viveu nestes dias".
"Todos estiveram de acordo e lhes pareceu razoável fortalecer a posição do programa financeiro argentino com um crédito preventivo do FMI que nos permita ter maior solidez e contornar esta situação, que tem a ver com um programa de liquidez, mas não de solvência que está tendo a economia argentina", salientou.
Concretamente, o ministro ressaltou que a solvência tem a ver com a porcentagem de dívida que há sobre o Produto Interno Bruto, mas destacou que na Argentina essa porcentagem é "muito baixa".
"A Argentina é um país ultrasolvente, com uma dívida muito baixa. O que tem é um problema de liquidez porque, perante a eventualidade de um aumento de taxas dos EUA, sabíamos que os mercados emergentes teriam uma saída das moedas locais para o dólar, que é o que ocorreu", concluiu. EFE