Argentina declara moratória ao FMI e abre nova leva de incertezas
O plano é contar com cerca de 13 bilhões de dólares para sobreviver até as eleições marcadas para 27 de outubro
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 06h29.
Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 11h03.
São Paulo — O presidente argentino, Mauricio Macri , declarou na noite de ontem moratória a uma linha de crédito de 57 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional.
A decisão de tentar estender os prazos de pagamento deste e de outros empréstimos abre uma nova leva de incertezas sobre as eleições no país.
Este deve ser um dos destaques das negociações nas bolsas e nas mesas de câmbio da região nesta quinta-feira.
O mergulho da economia argentina, que segundo as previsões mais recentes deve encolher 1,3% este ano, tem levado analistas a questionar a validade de antecipar as eleições, agendadas para 27 de outubro. A Constituição manda que o processo seja realizado dois meses antes da troca de poder, prevista para 10 de dezembro.
O problema é que, até lá, as finanças do país continuarão a piorar em parte por culpa de Macri, em parte pelo pânico dos investidores. O presidente/candidato dobrou o salário mínimo e congelou os preços de alimentos e combustíveis. Para tentar controlar o câmbio, o Banco Central vendeu esta semana mais de 670 milhões de dólares, e o Tesouro se desfez de outros 120 milhões.
Tanto Macri quanto seu adversário, Alberto Fernández, precisarão se equilibrar entre medidas voltadas aos mercados e aos eleitores nas próximas semanas. A única certeza é que falar ao FMI não trará votos para nenhum dos lados, dada a histórica e conflituosa relação do país com o fundo, a menos na visão de uma parcela importante dos eleitores.
Na noite de ontem assessores de Fernández afirmaram ao jornal Clarín que “sua contribuição será esperar” a reação dos investidores à moratória. Em reunião recente com o FMI , Fernández culpou a instituição pela “catástrofe social do país”, numa frase que ampliou o pânico nos mercados.
O decreto de Macri, alegando urgência para postergar os pagamentos ao FMI, foi publicado hoje no Diário Oficial argentino. Um projeto deve ser enviado ao Congresso nos próximos dias. O plano é contar com cerca de 13 bilhões de dólares para sobreviver no curto prazo. Vença quem vencer, a vida ficará muito mais difícil a partir de 10 de dezembro.