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Argentina anuncia congelamento dos preços de combustíveis

Trata-se da terceira medida de controle da inflação anunciada este ano

Bandeira da Argentina tremula em Buenos Aires: faltando dias para o fim do congelamento, o governo renovou o acordo por mais dois meses. (Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Buenos Aires – O governo argentino anunciou hoje (10) o congelamento dos preços dos combustíveis por seis meses. Trata-se da terceira medida de controle da inflação anunciada este ano. No final de janeiro, o secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, fez um acordo com supermercados e redes de eletrodomésticos para manter os preços estáveis até março.

Faltando dias para o fim do congelamento, o governo renovou o acordo por mais dois meses. A medida foi publicada hoje (10) no Diário Oficial e determina que até outubro serão mantidos os preços de 9 de abril.

Em entrevista à Agência Brasil, o ex-presidente da empresa de petróleo argentina YPF, Daniel Montamat, criticou a medida. “O congelamento é uma medida de conjuntura para controlar a inflação em ano eleitoral, mas prejudica a YPF, controlada pelo estado”.

Montamat, que também exerceu o cargo de secretário de Energia, lembrou que “a YPF tem 58% do mercado de óleo diesel, 57% do mercado de gasolina Premium e 53% do mercado de gasolina super”.

Ele conta que há um ano o governo expropriou 51% das ações da YPF, que pertenciam a Repsol, alegando que a empresa espanhola não estava investindo em produção. A escassez de combustível levou a Argentina a gastar US$ 9,5 bilhões, em 2012, na importação de energia - quase a totalidade do seu saldo na balança comercial.

Este ano, os gastos estimados eram de US$ 13 bilhões, mas um incêndio no início deste mês na refinaria da YPF, em Ensenada, prejudicou a produção local.


“A Argentina descobriu recentemente novas e importantes reservas, mas precisa de investimentos locais e estrangeiros para explorá-las e medidas como esta não ajudam”, disse Montamat. “As empresas aqui vão ter que vender combustível pelo mesmo preço até outubro, apesar de os custos de produção aumentarem – devido à inflação – e de termos que importar energia a preço de mercado”.

Em outubro, serão realizadas eleições legislativas na Argentina: a inflação e a insegurança estão no topo da lista das preocupações dos eleitores, segundo pesquisas de opinião. Oficialmente, a inflação na Argentina não passará de 11% este ano, mas segundo economistas independentes e sindicatos, o custo de vida aumentará entre 25% e 30% em 2013.

Os aumentos salariais, no entanto, devem superar os 20%. Na Argentina, os aumentos são negociados entre empresários e sindicatos, mas precisam ser aprovados pelo Ministério do Trabalho.

Segundo Montamat, resolver a questão de escassez de energia na Argentina leva tempo e dinheiro. “A YPF calcula que tem que investir US$ 7,5 bilhões ao ano, durante cinco anos. Mas precisa de parceiros e estes só virão se houver uma política energética estável”.

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Buenos Aires – O governo argentino anunciou hoje (10) o congelamento dos preços dos combustíveis por seis meses. Trata-se da terceira medida de controle da inflação anunciada este ano. No final de janeiro, o secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, fez um acordo com supermercados e redes de eletrodomésticos para manter os preços estáveis até março.

Faltando dias para o fim do congelamento, o governo renovou o acordo por mais dois meses. A medida foi publicada hoje (10) no Diário Oficial e determina que até outubro serão mantidos os preços de 9 de abril.

Em entrevista à Agência Brasil, o ex-presidente da empresa de petróleo argentina YPF, Daniel Montamat, criticou a medida. “O congelamento é uma medida de conjuntura para controlar a inflação em ano eleitoral, mas prejudica a YPF, controlada pelo estado”.

Montamat, que também exerceu o cargo de secretário de Energia, lembrou que “a YPF tem 58% do mercado de óleo diesel, 57% do mercado de gasolina Premium e 53% do mercado de gasolina super”.

Ele conta que há um ano o governo expropriou 51% das ações da YPF, que pertenciam a Repsol, alegando que a empresa espanhola não estava investindo em produção. A escassez de combustível levou a Argentina a gastar US$ 9,5 bilhões, em 2012, na importação de energia - quase a totalidade do seu saldo na balança comercial.

Este ano, os gastos estimados eram de US$ 13 bilhões, mas um incêndio no início deste mês na refinaria da YPF, em Ensenada, prejudicou a produção local.


“A Argentina descobriu recentemente novas e importantes reservas, mas precisa de investimentos locais e estrangeiros para explorá-las e medidas como esta não ajudam”, disse Montamat. “As empresas aqui vão ter que vender combustível pelo mesmo preço até outubro, apesar de os custos de produção aumentarem – devido à inflação – e de termos que importar energia a preço de mercado”.

Em outubro, serão realizadas eleições legislativas na Argentina: a inflação e a insegurança estão no topo da lista das preocupações dos eleitores, segundo pesquisas de opinião. Oficialmente, a inflação na Argentina não passará de 11% este ano, mas segundo economistas independentes e sindicatos, o custo de vida aumentará entre 25% e 30% em 2013.

Os aumentos salariais, no entanto, devem superar os 20%. Na Argentina, os aumentos são negociados entre empresários e sindicatos, mas precisam ser aprovados pelo Ministério do Trabalho.

Segundo Montamat, resolver a questão de escassez de energia na Argentina leva tempo e dinheiro. “A YPF calcula que tem que investir US$ 7,5 bilhões ao ano, durante cinco anos. Mas precisa de parceiros e estes só virão se houver uma política energética estável”.

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