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Aposta majoritária para Copom é de alta de 0,50 ponto

Economistas ficaram desconfiados e passaram a interpretar toda e qualquer manifestação do Banco Central para não errar novamente

Copom: projeções seguem divididas como não se via antes desde fevereiro (Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 16h23.

Brasília - As expectativas para a reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ), que começou nesta tarde de terça-feira, 2, são as mais divididas dos últimos tempos.

As apostas majoritárias para o que o Banco Central fará com a Selic amanhã viraram em menos de uma semana de uma alta de 0,25 ponto porcentual para 0,50 p.p - hoje a Selic está em 11,25% ao ano.

Essa perspectiva de maior aperto monetário se dá em um ambiente negativo para a inflação e conta com a sinalização passada pelos porta-vozes da instituição de que poderão atuar de forma mais forte se necessário.

De qualquer forma, as projeções seguem divididas como não se via antes desde fevereiro.

Muitos analistas ficaram ressabiados com a "bola nas costas" que tomaram no encontro de outubro.

Na ocasião, as 84 casas consultadas pelo AE Projeções contavam com estabilidade da taxa e foram surpreendidas com uma elevação de 0,25 p.p.

Os economistas ficaram desconfiados e passaram a interpretar toda e qualquer manifestação do Banco Central para não errar novamente.

Ainda é considerável a fatia dos que projetam a continuidade do ritmo de 0,25 p.p.

Até porque, assim como alguns diretores do BC alegaram na decisão anterior, ainda havia dúvidas naquele momento sobre a magnitude e a persistência dos ajustes de preços.

Outra incerteza diz respeito à retomada da atividade, que dá poucos indícios de recuperação.

O primeiro sinal de que outra dose de 0,25 p.p. não é líquida e certa amanhã, quando acaba o encontro e é anunciada a nova Selic, veio do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, quando participava de evento em Florianópolis (SC).

"O Copom não será complacente (com a inflação) e, se for adequado, irá recalibrar a política monetária", afirmou. Para quem ficou com dúvidas sobre a mensagem pretendida, o diretor foi ainda mais claro: "Para bom entendedor, pingo é 'i'".

Na semana passada, quando confirmado à frente do BC no novo mandato de Dilma Rousseff, foi o presidente Alexandre Tombini quem reforçou o recado.

Ele admitiu que a inflação acumulada em 12 meses ainda seguia elevada e que, nessas circunstâncias, a política monetária deve se manter "especialmente vigilante" para evitar que ajustes de preço se espalhem para o resto da economia.

Tombini apenas repetiu o que a ata do Copom anterior já havia trazido. Mas foi o presidente, em carne e osso, dizendo com todas as letras que estava preocupado com uma difusão da inflação pela economia.

Isso tem peso maior. Ainda mais no cenário em que foi dita a frase, ao lado dos dois novos nomes da equipe econômica (Joaquim Levy, na Fazenda, e Nelson Barbosa, no Planejamento).

O BC deixou a porta aberta para dar uma esticada a mais nos juros, mas a favor dos que acreditam na manutenção da toada de alta de 0,25 p.p. está a expectativa de que 2015 será um ano diferente para as contas públicas.

O ministro indicado, Joaquim Levy, prometeu austeridade para os próximos três anos, o que é um ganho e tanto para os efeitos da política monetária. E, é bom lembrar, qualquer ação tomada amanhã pelo Copom só terá efeito mesmo em meados de 2015.

Levantamento realizado pelo AE Projeções no final do mês passado mostrava que a maioria - 45 de 76 instituições financeiras - previa uma nova alta de 0,25 ponto porcentual da Selic amanhã, para 11,50%.

Menos de uma semana depois, com os acontecimentos mais recentes, as estimativas viraram e agora a aposta mais consolidada é de uma elevação de 0,50 p.p.

Com a atualização das consultas às instituições, o AE Projeções identificou nesta nova rodada que 41 de 62 casas agora contam com meio ponto de elevação.

A última vez que o mercado financeiro estava sem pender mais para um lado às vésperas de um Copom sobre o rumo que a Selic tomaria foi em fevereiro, quando 43 de 60 instituições consultadas contavam com uma elevação do juro, na ocasião, para 10,75% ao ano.

Depois disso, nas demais reuniões do ano, ou o mercado tinha uma aposta mais firme em relação a uma decisão ou 100% das previsões estava em um determinado patamar da taxa.

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As apostas majoritárias para o que o Banco Central fará com a Selic amanhã viraram em menos de uma semana de uma alta de 0,25 ponto porcentual para 0,50 p.p - hoje a Selic está em 11,25% ao ano.

Essa perspectiva de maior aperto monetário se dá em um ambiente negativo para a inflação e conta com a sinalização passada pelos porta-vozes da instituição de que poderão atuar de forma mais forte se necessário.

De qualquer forma, as projeções seguem divididas como não se via antes desde fevereiro.

Muitos analistas ficaram ressabiados com a "bola nas costas" que tomaram no encontro de outubro.

Na ocasião, as 84 casas consultadas pelo AE Projeções contavam com estabilidade da taxa e foram surpreendidas com uma elevação de 0,25 p.p.

Os economistas ficaram desconfiados e passaram a interpretar toda e qualquer manifestação do Banco Central para não errar novamente.

Ainda é considerável a fatia dos que projetam a continuidade do ritmo de 0,25 p.p.

Até porque, assim como alguns diretores do BC alegaram na decisão anterior, ainda havia dúvidas naquele momento sobre a magnitude e a persistência dos ajustes de preços.

Outra incerteza diz respeito à retomada da atividade, que dá poucos indícios de recuperação.

O primeiro sinal de que outra dose de 0,25 p.p. não é líquida e certa amanhã, quando acaba o encontro e é anunciada a nova Selic, veio do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, quando participava de evento em Florianópolis (SC).

"O Copom não será complacente (com a inflação) e, se for adequado, irá recalibrar a política monetária", afirmou. Para quem ficou com dúvidas sobre a mensagem pretendida, o diretor foi ainda mais claro: "Para bom entendedor, pingo é 'i'".

Na semana passada, quando confirmado à frente do BC no novo mandato de Dilma Rousseff, foi o presidente Alexandre Tombini quem reforçou o recado.

Ele admitiu que a inflação acumulada em 12 meses ainda seguia elevada e que, nessas circunstâncias, a política monetária deve se manter "especialmente vigilante" para evitar que ajustes de preço se espalhem para o resto da economia.

Tombini apenas repetiu o que a ata do Copom anterior já havia trazido. Mas foi o presidente, em carne e osso, dizendo com todas as letras que estava preocupado com uma difusão da inflação pela economia.

Isso tem peso maior. Ainda mais no cenário em que foi dita a frase, ao lado dos dois novos nomes da equipe econômica (Joaquim Levy, na Fazenda, e Nelson Barbosa, no Planejamento).

O BC deixou a porta aberta para dar uma esticada a mais nos juros, mas a favor dos que acreditam na manutenção da toada de alta de 0,25 p.p. está a expectativa de que 2015 será um ano diferente para as contas públicas.

O ministro indicado, Joaquim Levy, prometeu austeridade para os próximos três anos, o que é um ganho e tanto para os efeitos da política monetária. E, é bom lembrar, qualquer ação tomada amanhã pelo Copom só terá efeito mesmo em meados de 2015.

Levantamento realizado pelo AE Projeções no final do mês passado mostrava que a maioria - 45 de 76 instituições financeiras - previa uma nova alta de 0,25 ponto porcentual da Selic amanhã, para 11,50%.

Menos de uma semana depois, com os acontecimentos mais recentes, as estimativas viraram e agora a aposta mais consolidada é de uma elevação de 0,50 p.p.

Com a atualização das consultas às instituições, o AE Projeções identificou nesta nova rodada que 41 de 62 casas agora contam com meio ponto de elevação.

A última vez que o mercado financeiro estava sem pender mais para um lado às vésperas de um Copom sobre o rumo que a Selic tomaria foi em fevereiro, quando 43 de 60 instituições consultadas contavam com uma elevação do juro, na ocasião, para 10,75% ao ano.

Depois disso, nas demais reuniões do ano, ou o mercado tinha uma aposta mais firme em relação a uma decisão ou 100% das previsões estava em um determinado patamar da taxa.

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