Economia

Aposta de economista que mais acerta é que Brasil evitará nova recessão

Tony Volpon, cuja previsão do PIB trimestral em três leituras seguidas foi a mais acertada, calcula que a economia tenha crescido 0,2% de abril a junho

Tony Volpon: "Este ano, temos algo concreto para mostrar ao mundo - o processo das reformas -, mas isso está sendo esmagado por esses fatores globais", disse o ex-diretor do BC (Banco Central/Divulgação)

Tony Volpon: "Este ano, temos algo concreto para mostrar ao mundo - o processo das reformas -, mas isso está sendo esmagado por esses fatores globais", disse o ex-diretor do BC (Banco Central/Divulgação)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 11h58.

A economia deve crescer no segundo trimestre e escapar de uma recessão, segundo um dos analistas mais confiáveis do país. A estimativa vai contra um indicador-chave do Banco Central.

Tony Volpon, cuja previsão do PIB trimestral em três leituras seguidas foi a mais acertada, calcula que a economia tenha crescido 0,2% de abril a junho. A maior produção agrícola teria compensado a fraqueza em outros setores.

O economista-chefe do UBS Brasil e seu colega Fabio Ramos também projetam uma leve revisão para cima da retração vista no trimestre anterior. O índice de atividade econômica do BC, uma referência do PIB, mostra que a economia encolheu 0,13% no segundo trimestre, de acordo com dados divulgados na segunda-feira.

A maior economia da América Latina está à beira da recessão, e alguns viram os dados do BC como a confirmação de uma retração econômica.

O presidente Jair Bolsonaro venceu as eleições em outubro passado apoiado em promessas de impulsionar a economia após anos de fraco crescimento. Mesmo uma leve recessão nos primeiros seis meses de mandato seria uma mancha para o novo governo.

O IBGE publica os dados oficiais do PIB em 29 de agosto.

Evitar uma retração da economia no primeiro semestre de 2019 dificilmente seria motivo de comemoração, disse Volpon, apesar do avanço em outras áreas como a agenda de reformas econômicas e a probabilidade de que a taxa básica de juros caia para um recorde de 5,25% ao ano até dezembro.

Com o choque global provocado pela guerra comercial EUA-China e os resultados das eleições primárias na Argentina, economistas devem começar a cortar a previsão atual de expansão do PIB de 0,81% em 2019, disse.

"Este ano, temos algo concreto para mostrar ao mundo - o processo das reformas -, mas isso está sendo esmagado por esses fatores globais", disse Volpon, ex-diretor do BC, em entrevista por telefone. "Portanto, parece que o Brasil não se beneficiará totalmente do sucesso na frente política, e as chances são de que teremos um crescimento menor do que o esperado este ano."

Além dos fatores externos, os empréstimos de bancos privados ainda não começaram a impulsionar muito a atividade econômica. Além disso, o lado da oferta não se recuperou totalmente das políticas adotadas durante o mandato de Dilma Rousseff, que terminou em 2016, disse. A polarização extrema também aumenta a incerteza política e, portanto, impede o crescimento.

"O alto nível de ruído deixa as pessoas ansiosas, apesar do fato de a agenda econômica estar absolutamente avançando", disse Volpon. O economista não atualiza sua previsão para o PIB em 2019, de crescimento de 1%, desde o fim de maio, mas espera revisar os dados para baixo na semana que vem.

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