Economia

Aposentados gregos não sacam benefício por feriado bancário

No centro de Atenas, aposentados foram surpreendidos pela notícia de que, ao contrário do que tinham ouvido, ainda não podiam sacar seu pagamento

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2015 às 15h01.

Atenas - O feriado bancário que entrou em vigor nesta segunda-feira na Grécia pegou de surpresa os cidadãos e representou já em seu primeiro dia um duro golpe aos aposentados, que, por problemas logísticos, não puderam receber seus vencimentos, apesar de estarem excluídos das restrições bancárias.

Na sede do Banco Nacional da Grécia, no centro de Atenas, aposentados foram surpreendidos pela notícia de que, ao contrário do que tinham ouvido, ainda não podiam sacar seu pagamento.

"Até as cinco da tarde, não saberemos quais filiais abrirão", informava um funcionário que tentava tranquilizar assim os idosos, que tinham escutado que, a partir do meio-dia, poderiam receber o benefício.

O feriado imposto hoje exclui os aposentados das limitações. Hoje é o dia em que, a princípio, todos os aposentados que recebem pela previdência da Seguridade Social poderiam sacar o benefício. Amanhã será a vez de autônomos e agricultores.

"Não tenho dinheiro e não tenho mais do que uma certidão, não tenho cartão", queixava-se uma senhora, ao lado de outras pessoas que estavam na mesma situação.

As limitações decretadas pelo governo são draconianas para tudo o que se refere às operações com dinheiro. O saque foi limitado a 60 euros por dia e só estão ilimitados os pagamentos com cartões de débito e crédito e as transferências nacionais pela internet.

O problema é que a Grécia é um país no qual o uso de cartão não é tão amplo, como em outras nações da União Europeia.

"Minha avó, claro, não tem cartão", afirmou à Agência Efe um taxista, que acrescentou que muitas pequenas lojas, principalmente em zonas rurais, não dispõem de dispositivos para pagamento com cartão.

A situação no comércio, por outro lado, era de aparente normalidade - dentro do que isso significa atualmente na Grécia, onde a crise afetou diversos estabelecimentos. Mesmo nas lojas que não vendem artigos de primeira necessidades, o movimento parecia normal.

Karina, que trabalha em uma loja de bijuterias, opinou que o turismo poderia se transformar neste momento em um importante sustento para manter o negócio nos próximos dias.

"Esta região, felizmente, é muito turística, e esperamos que os turistas, que não foram afetados pelo feriado bancário, possam nos ajudar a salvar esta situação durante estes dias", disse.

Mas Karina acredita que, a médio prazo, as restrições afetarão muitas lojas como a dela, alegando que "as pessoas têm outras coisas em que pensar antes".

No mercado central, onde se via mais turistas do que gregos, os vendedores enxergam a situação com pessimismo, por considerarem que as restrições de dinheiro vivo "só pioram uma situação que já está há tempos sendo muito ruim", lembrou Aiar, um albanês que vive e trabalha há mais de 20 anos na Grécia.

Apesar de crer que as restrições bancárias são mais um golpe na economia e possivelmente causarão mais desemprego, Aiar não culpa o governo do esquerdista Alexis Tsipras pela situação.

Para ele, a situação já era péssima antes do feriado bancário, e "a única solução a longo prazo é sair da zona do euro".

Fotis, zeladora de um edifício comercial, afirmou à Efe que passou a manhã inteira ouvindo todo tipo de opinião, desde os que "encaram com despreocupação e acreditam que a situação será resolvida em poucos dias até os que estão realmente aterrorizados".

Yanis, o taxista que contou sobre sua avó, é um dos que não está com medo. Apesar de o feriado bancário evidentemente afetar todos, ele acredita "que as coisas serão resolvidas em breve", esbanjando confiança que os líderes europeus encontrarão uma solução de compromisso que ponha fim aos controles de capital. EFE

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