Após vitória de Fernández, BC argentino limita compras de dólares
Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, derrotou o presidente Mauricio Macri, que buscava a reeleição
AFP
Publicado em 28 de outubro de 2019 às 09h07.
Última atualização em 28 de outubro de 2019 às 11h07.
O Banco Central da Argentina assumirá um controle rígido do mercado de câmbio a partir desta segunda-feira, para preservar as reservas internacionais, no dia seguinte às eleições presidenciais que deram a vitória ao opositor Alberto Fernández.
"Na semana passada, observamos uma demanda importante por dólares. Dado o risco disso ser mantido nesta semana, decidimos aprofundar os controles. A partir de hoje (segunda-feira), reduzimos o valor máximo que as pessoas podem comprar para 200 dólares por mês" anunciou o presidente do Banco Central, Guido Sandleris.
Em uma entrevista coletiva pouco antes da abertura dos mercados e da Bolsa de Valores, Sandleris disse que na semana passada a queda nas reservas acelerou devido à demanda de indivíduos e, temendo que a tendência continuasse, decidiram reforçar o controle.
O peronista Alberto Fernández foi eleito presidente no domingo com 48,1% dos votos, frustrando as aspirações de reeleição do presidente liberal Mauricio Macri (40,3%).
Na semana passada, o peso depreciou 5,86% e fechou em 65 pesos por dólar.
Desde as primárias em agosto, quando Fernández se tornou o favorito para a presidência, "as reservas caíram 22 bilhões de dólares, dos quais 12 bilhões foram antes de aplicados os controles em setembro e outros 10 bilhões desde então", disse Sandleris.
Segundo ele, um terço tem a ver com a queda nos depósitos em dólares, outro terço com pagamentos de dívida feitos pelo governo e o terço restante com intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.
Os argentinos veem na compra de dólares uma maneira de se protegerem da alta inflação e das subsequentes desvalorizações da moeda local.
Em setembro passado, o Banco Central limitou a US$ 10.000 por mês o que poderia ser comprado por indivíduo.
Ao assumir, em dezembro de 2015, Macri eliminou o controle de câmbio decidido por sua antecessora, Cristina Kirchner.
O presidente do Banco Central esclareceu que as medidas "se concentram exclusivamente na compra de dólares e especulação financeira e não afetam o acesso ao mercado de câmbio para comércio exterior ou o pagamento de dívidas".
O controle estará em vigor até a assunção do novo governo, em 10 de dezembro.
"Sei que essa medida, embora transitória, é rígida e afeta muitas pessoas. Seu objetivo é preservar reservas durante esse período de transição até que o novo governo defina sua política econômica e a incerteza se dissipe", afirmou Sandleris.