Governo liderado por Sílvio Berlusconi voltou a dizer que não teme contágio da crise grega (.)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2010 às 17h08.
Milão - O governo italiano liderado pelo multimilionário Silvio Berlusconi voltou a repetir nesta sexta-feira que a Itália não teme o contágio da crise grega, ainda que se encontre agora na mira dos mercados devido à sua enorme dívida e à paralisação do crescimento.
A situação da Itália, sétima potência econômica mundial, está mais sólida do que a de Espanha e Portugal, graças a um déficit público menos elevado na comparação com os países vizinhos, afirmam especialistas.
A Itália, que até agora estava na retaguarda da crise, viveu nesta quinta-feira um dia marcado pelo pânico, quando a Bolsa de Milão caiu 6%, apesar de ter conseguido recuperar-se e fechar com uma baixa de 4,26%.
Nesta sexta-feira, a Bolsa de Milão abriu com uma baixa de 2% e, à tarde, depois de suspender as negociações por alguns minutos devido a "problemas técnicos", fechou com queda de 3,27%.
Os investidores chegaram a vender em massa os papéis dos bancos italianos depois da advertência lançada pela agência de classificação de risco Moody's de uma degradação da dívida pública de vários páises europeus.
A agência esclareceu nesta sexta-feira que a Itália não está entre os países na linha de frente da crise financeira, porque seu sistema bancário está entre os "menos expostos" e pelo fato de o governo ter lançado planos massivos de reativação econômica.
"A loucura do mercado não vê diferença entre países como Itália, Grécia, Espanha ou Portugal", afirmou René Defossez, estrategista da Natixis. A Itália é considerada um dos países mais frágeis da zona do euro por conta de sua dívida elevada e por ter registrado baixo crescimento estrutural, afirma o analista.
Para Gianluca Spina, diretor da Politécnica de Milão, o problema da Itália é seu "crescimento, que pesa", completou. O governo anunciou que o crescimento para 2010 e 2011 será menor que o previsto, o que gera preocupações.
A dívida também será maior que a anteriormente calculada, ou seja, de 118,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para esse ano, em vez de 116,9%. A política de rigor fiscal adotada nos últimos anos permitiu à Itália frear o aumento do déficit público, que foi de 5,3% em 2009. O governo pretende diminuir essa cifra para 3% até 2012.
A grave situação econômica e social da Grécia ou os problemas da Espanha e Portugal não podem ser comparados aos da Itália, segundo analistas.
"A situação na Itália está sob controle. Não há razão para pânico, mesmo que os mercados estejam tão tensos que não possam excluir movimentos violentos", afirma Marco Valli, economista do banco UniCredit. "Os ataques especulativos são previsíveis, mas a situação da Itália não preocupa", completou.