Economia

Apesar da queda da Selic, juro ao consumidor segue alto

Em nenhum momento, a taxa média de juro paga pelas pessoas físicas em empréstimos bancários ficou abaixo de 39%

Mantega: "Tomara que os países ricos resolvam a situação. Mas não acho que isso aconteça, acho que a situação dos países ricos vai se arrastar" (Elza Fiuza/ABr)

Mantega: "Tomara que os países ricos resolvam a situação. Mas não acho que isso aconteça, acho que a situação dos países ricos vai se arrastar" (Elza Fiuza/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2012 às 11h35.

Brasília - Desde 2001, a economia brasileira passou por solavancos como o estouro da bolha das empresas pontocom e a recessão de 2009 causada pela crise financeira internacional. Na política, foram três diferentes presidentes da República desde então e cada um deles nomeou novos titulares para o Ministério da Fazenda e para o Banco Central (BC).

Foi criado o crédito consignado e o País quitou a dívida externa. Mas, em nenhum momento, a taxa média de juro paga pelas pessoas físicas em empréstimos bancários ficou abaixo de 39%.

Outros números da economia variaram bastante desde então. A taxa básica de juros subiu a

26,5% e caiu à mínima recorde de 8,75%. A inflação brasileira, que fechou o ano passado em 6,5%, subiu a 12,53%, em 2002. A inadimplência das pessoas físicas bateu em 15,9%,antes de se reduzir a 5,7%. Nenhum desses fatores parece ter relação com o custo do dinheiro para o cidadão, segundo levantamento feito pelo Estado, corroborado por economistas.

Os dados sugerem que a taxa média de juros segue uma lógica própria e permite concluir que o corte da taxa básica de juros (Selic) a 9%, como indicado pelo BC, não significa necessariamente que o consumidor brasileiro conseguirá pagar "taxas internacionais" ao se endividar no banco, como defendeu a presidente Dilma Rousseff durante sua visita à Alemanha, no mês passado.

Para o professor de economia Newton Marques, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade de Brasília e servidor aposentado do BC, a forte concentração das operações nas mãos de poucas instituições financeiras dificulta ações nesta área. "É um oligopólio em que três ou quatro bancos determinam a taxa de mercado. O governo nunca conseguiu fazer nenhum tipo de intervenção nessa área", disse Marques.

Oligopólio

Os maiores bancos privados exercem um oligopólio de fato, mas isso não explica por si só por que o dinheiro emprestado pelos bancos é tão caro, questiona José Ricardo da Costa e Silva, professor de economia da escola de negócios Ibmec. "A taxa de juros para pessoa física vem caindo, mas devagarzinho porque há constrangimentos. Ainda há muita volatilidade, o compulsório caiu durante a crise, mas voltou a subir e hoje continua sendo o maior do mundo", avaliou. "Temos um histórico de inflação alta e um sistema de crédito que ainda é muito acanhado em relação ao resto do mundo, o que faz com que o custo operacional seja muito alto."

A mesma estrutura de custos, no entanto, não se repete nas cooperativas de crédito, que, segundo o BC, conseguem oferecer taxas de juros "significativamente menores" que os bancos privados.

"As cooperativas não precisam adotar essas taxas malucas do mercado só para dar lucro aos acionistas", afirmou Luiz Eduardo de Paiva, presidente da Associação Nacional das Cooperativas de Crédito (ANCC). "Temos uma estrutura mais enxuta, não precisamos de agência luxuosa para trabalhar direitinho." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEstatísticasIndicadores econômicosMercado financeiroMinistério da FazendaSelicTaxas

Mais de Economia

BB Recebe R$ 2 Bi da Alemanha e Itália para Amazônia e reconstrução do RS

Arcabouço não estabiliza dívida e Brasil precisa ousar para melhorar fiscal, diz Ana Paula Vescovi

Benefícios tributários deveriam ser incluídos na discussão de corte de despesas, diz Felipe Salto

Um marciano perguntaria por que está se falando em crise, diz Joaquim Levy sobre quadro fiscal