Economia

Apagões de energia podem frear eventual retomada econômica brasileira

Enquanto principais reservatórios estão com apenas 17% da capacidade, volume de chuvas no verão deve ficar abaixo ou apenas dentro da média

Medidor mostra o nível da água na represa de Jaguari, da Sabesp, próximo de Santa Isabel (Paulo Fridman/Bloomberg/Bloomberg)

Medidor mostra o nível da água na represa de Jaguari, da Sabesp, próximo de Santa Isabel (Paulo Fridman/Bloomberg/Bloomberg)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 11h55.

Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 12h18.

A seca prolongada e o calor abrasador que devastam as safras brasileiras estão secando as represas do país, ameaçando o fornecimento de eletricidade no momento em que a maior economia da América Latina se recupera da desaceleração causada pela pandemia.

Após um crescimento mais forte do que o esperado no terceiro trimestre, o país disse que pode haver falta de eletricidade, já que chuvas insuficientes neste ano esgotaram os reservatórios de água das usinas hidrelétricas. Nesta semana, a agência reguladora de energia Aneel anunciou um encargo extra na conta de luz dos brasileiros a partir deste mês - uma medida que o presidente Jair Bolsonaro disse ser necessária para evitar apagões.

Os reservatórios não estão preparados para um grande crescimento econômico. O fornecimento de eletricidade pode entrar em colapso se a economia decolar no próximo ano em meio a perspectivas de uma vacina.

Adriano Pires, analista de energia na empresa de consultoria CBIE no Rio de Janeiro

Durante anos, a economia morna do Brasil foi o principal fator a impedir um apagão, já que os reservatórios de água são críticos desde 2013, disse Pires. Cerca de dois terços da eletricidade do país é fornecida por usinas hidrelétricas.

Com chuvas abaixo do normal desde maio, os reservatórios de água dos sistemas Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% da energia elétrica demandada no Brasil, caíram para apenas 17% da capacidade, segundo o regulador ONS. O clima selvagem também reduziu as perspectivas de produção para o próximo ano de cana-de-açúcar, laranja, café, safras de soja e milho, o que pode prejudicar os preços dos alimentos.

O verão no Brasil, que vai de dezembro a março, provavelmente não trará muita trégua para represas ou plantações. Embora a previsão seja de chuvas mais regulares até o final de março, os volumes ainda podem ficar abaixo ou dentro da média, segundo a Somar Meteorologia.

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