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Anfavea vê mercado interno fraco, apesar de crescimento da produção

Com base de comparação fraca, 2004 deveria trazer crescimento maior, diz Golfarb, novo presidente da entidade

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

Mais uma vez as montadoras superaram os resultados de produção na comparação com o ano passado. Em abril, o número de carros fabricados foi 11,6% superior ao total do mesmo mês de 2003. Foram 169.936 veículos. Em relação a março de 2004, entretanto, o número é 11,3% menor, em razão de abril ter menos dias úteis e de março ter sido um mês especialmente forte o maior volume produzido desde janeiro de 2002. Comparando quadrimestres, a produção dos quatro primeiros meses de 2004 é 13,4% maior que mesmo período de 2003 (ou 36,8% do fabricado durante todo o ano passado).
Os números foram divulgados hoje (11/5) pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, que assumiu em 19 de abril a direção da entidade para a gestão 2004-2007. Em termos de média diária de produção, houve um avanço de 2% de março para abril. A produção estimada da Anfavea continua sendo de 1,99 milhão de unidades, com crescimento de 8,9% em 2004.

Vendas

Em abril, o número de veículos licenciados que inclui os importados e sinaliza quantas unidades foram vendidas no mercado interno foi de 115.458, um avanço de 6,2% em relação a abril de 2003. No primeiro quadrimestre de 2004, houve também 6,2% mais emplacamentos de carros do que no mesmo período de 2003.

Mas, quando a comparação é feita com março deste ano, houve um tombo de 18,5%. O maior problema, diz Golfarb, é a incapacidade de reação do mercado interno em relação a um ano como 2003, "muito conturbado". O que o setor esperava era um forte movimento de recomposição. Um crescimento de 3,5% na média diária de vendas de veículos no primeiro quadrimestre de 2004 sobre o primeiro quadrimestre de 2003 "é marginal, não sinaliza ampliação de mercado", afirma Golfarb.

Para ele, a razão da queda de abril em relação a março não foram os aumentos de preço praticados pelas montadoras. "Pressão de custo tem de ser compensada, ajuste de preço por esse motivo é parte de qualquer negócio." A explicação da entidade recai sobre os fornecedores: "a questão do aço é crítica para nós. De janeiro de 2002 a março de 2004, o preço desse insumo avançou 78% em real e 45% em dólar, e para maio, as siderúrgicas estão pedindo 10% a 15% de reajuste." Enquanto isso, diz, os preços de tabela dos veículos ficaram 40% mais caros, mesmo patamar de inflação medida pelo IGP, e os preços realmente praticados, levando em consideração descontos, avançaram apenas 25%.

"Estamos sofrendo um problema de mercado", afirma. Para Golfarb, mais do que aumento de preço, o que conta é um nó triplo: renda, carga tributária e taxa de juro. "Para ser competitivo no plano internacional precisamos de mercado interno forte, que possibilite avanços de escala e investimento em tecnologia. Precisamos voltar o mais rápido possível ao nível de 2 milhões de veículos vendidos ao ano [demanda de 1997], com 80% a 85% de uso da capacidade instalada, para sermos eficientes e internacionalmente competitivos."

Atualmente, há 43% de ociosidade nas fábricas das associadas à Anfavea, que estima para este ano um crescimento nas vendas de 7,8%, ou 1,54 milhões de emplacamentos.

Exportações

Quanto às exportações, continua uma forte tendência de crescimento. A expectativa da Anfavea é aumentar em 20% a receita com exportações, atingindo com vendas de veículos e máquinas agrícolas 6,6 bilhões de dólares. De janeiro a abril deste ano, a indústria faturou 2,27 bilhões de dólares, ou 41% do arrecadado no ano passado. "Nossas exportações vão bem, a questão é taxa de juro", diz Golfarb.

Destaques

Os resultados da Anfavea também mostram que os veículos movidos a álcool ou os bicombustíveis (flex fuel) atingiram em abril 24,4% de participação no mercado. Em termos de pessoal empregado, as fabricantes de máquinas agrícolas empregaram 19,5% mais trabalhadores de um ano para cá, com mais encomendas por causa do aumento de 78% nas exportações, comparando o primeiro quadrimestre deste ano com mesmo período do ano passado.

Veja nas tabelas abaixo os números de produção, vendas internas e exportações:

Produção (unidades)
Ano20042003Variações percentuais
 abrilmarçojan-abrabriljan-abr
A
B
C
D
E
A/B
A/D
C/E
Veículos leves158.786179.789632.146143.825558.256-11,710,413,2
Caminhões8.6799.32231.6886.24026.319-6,939,120,4
Ônibus (Chassi)2.4712.4588.4292.1638.4340,514,2-0,1
total169.936191.569672.263152.228593.009-11,311,613,4
Máquinas agrícolas*5.7325.91620.7794.94516.086-3,115,929,2
* Anfavea não totaliza com veículos

Vendas* (unidades)
Ano20042003Variações percentuais
 abrilmarçojan-abrabriljan-abr
A
B
C
D
E
A/B
A/D
C/E
Veículos leves102.275127.262420.60496.477388.592-19,66,08,2
Caminhões6.6857.14424.5445.23719.734-6,427,624,4
Ônibus (Chassi)1.8731.8335.8691.1754.3522,259,434,9
total110.833136.239451.017102.889412.678-18,67,79,3
Máquinas agrícolas**3.5373.19511.6823.24210.53310,79,110,9
*veículos nacionais licenciados / substitui desde janeiro de 2003 o número de unidades vendidas no atacado
** unidades vendidas no atacado (da indústria para concessionárias) / inclui importadas / Anfavea não totaliza com veículos

Receita de Exportação (US$)
Ano20042003Variações percentuais
 abrilmarçojan-abrabriljan-abr
A
B
C
D
E
A/B
A/D
C/E
Veículos leves + Caminhões + Ônibus (Chassi)475.524526.5691.685.593324.2051.164.572-9,746,744,7
Máquinas agrícolas150.059171.872589.01880.892269.863-12,785,5118,3
total625.583698.4412.274.611405.0971.434.435-10,454,458,6
Fonte: Anfavea
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