O que distingue os grandes investidores globais, especialmente os americanos, dos brasileiros é o planejamento de longo prazo e a alocação muito diversificada em diversas classes de ativos e geograficamente bem distribuída. (Stock/Getty Images)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 17h50.
Última atualização em 27 de dezembro de 2024 às 18h40.
O resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de 2024, que chegou a 4,71% no acumulado do ano, acendeu o sinal de alerta de quem acompanha a inflação brasileira.
Apesar do índice de dezembro, que registrou alta de 0,34%, apresentar uma desaceleração em relação a novembro (+0,62%) e ao mesmo mês do ano passado (+0,40%), a composição qualitativa dos dados chamou a atenção do mercado.
Em relatório aos clientes, o Santander afirmou que o resultado de bens industriais básicos e os serviços básicos superaram as expectativas.
“O primeiro foi devido aos descontos menores do que o esperado na Black Friday, principalmente em vestuário e celulares. O segundo foi impulsionado principalmente pelos serviços de alimentação, uma vez que os estabelecimentos repassaram o aumento dos preços do gado aos consumidores, embora não se limitasse a esse fator”, afirmou a instituição financeira, no relatório.
Segundo o banco, a atividade econômica aquecida e a baixa taxa de desemprego contribuíram para a aceleração em todos os componentes de serviços.
Outro ponto de atenção que chamou a atenção dos analistas da instituição financeira foi a taxa de difusão do IPCA. Esse indicador contabiliza o total de itens que registraram alta. Segundo o Santander, o índice de difusão chegou a 60,5%, nível compatível com inflação acima de 5%.
Com isso, o banco projetou que a inflação deve alcançar entre 5,5% e 6% nos primeiros meses do próximo ano.
Para o Itaú Unibanco, o câmbio apreciado e a inflação de serviços pressionada pelo desemprego em baixa levará a inflação para 5% no fim de 2025.
A economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, afirmou que o IPCA seguirá em aceleração até atingir o pico de 5,3% em abril de 2025, para fechar o ano em 4,9%.
“A desvalorização cambial nos últimos meses, devido ao cenário de maior aversão a risco, deve ser o principal fator para a reaceleração da inflação”, afirmou a economista.
Segundo ela, no ambiente de crescimento econômico ainda robusto e mercado de trabalho aquecido, os reajustes de preços tendem a se intensificar no começo de 2025.
A economista só espera o efeito do maior aperto monetário na desaceleração da inflação no segundo semestre de 2025.