Ampliação do Metrô pode salvar trânsito de SP em 2014
Engenheiros dizem que investir em transportes é essencial na preparação da cidade para a Copa do Mundo no Brasil
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - Embora seja conhecida por quebrar sucessivos recordes de engarrafamento, a cidade de São Paulo tem boas chances de evitar, em 2014, os mesmos problemas de trânsito observados nos jogos da Copa da África do Sul, principalmente na capital Johannesburg. Especialistas afirmam que a capital paulista conta com uma boa engenharia de tráfego. Todavia, eles ressaltam que o sucesso durante o evento esportivo depende diretamente do desenvolvimento dos transportes públicos, e principalmente do metrô.
"O sistema metroviário de São Paulo tem capacidade de, em uma hora, escoar um número de pessoas suficiente para encher um estádio", diz o engenheiro Gabriel Feriancic. Ele é um dos diretores da Sistran Engenharia, empresa que coordena diversos projetos de expansão das linhas do metrô paulistano. Para Feriancic, a criação de novas linhas e a ampliação das atuais é uma das primeiras alternativas para desafogar o trânsito da cidade e garantir a ordem durante a Copa.
A discussão sobre os acessos aos estádios em São Paulo ganhou um tom de incerteza depois que o Estádio do Morumbi foi excluído da Copa de 2014 pela Federação Internacional de Futebol (FIFA, na sigla em inglês). O Palestra Itália, na zona Oeste, e o Pacaembu, no Centro, são arenas cotadas para a substituição. Há ainda a possibilidade de que um estádio em Pirituba, na região metropolitana de São Paulo, seja construído.
O diretor da Sistran diz que, independente da localização, "no entorno de qualquer estádio brasileiro, se não houver alternativa de transporte coletivo, os problemas da África do Sul vão se repetir. É difícil imaginar algum local que supra a demanda por acesso unicamente pelo sistema viário."
Os planos do Governo do Estado de São Paulo sugerem que há sintonia entre a opinião dos especialistas e as obras que serão realizadas. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos informou que o governo pretende ampliar as linhas do metrô e trens até 2014. Os investimentos nos trechos que passarão pelo local em que os jogos ocorrerem serão priorizados. A expectativa é que a malha de trilhos na cidade (somando metrô e trens) passe de 240 quilômetros em 2010 para 420 quilômetros em 2014.
Tráfego
No dia em que o Brasil estreou na Copa da África do Sul, São Paulo registrou mais de 200 quilômetros de congestionamento uma hora antes do jogo. A ideia do que pode acontecer quando um jogo acontecer na capital paulistana não parece preocupar os especialistas.
"O que aconteceu na terça-feira (15) foi um episódio diferente do que ocorre em um dia de jogo no Morumbi, por exemplo. Houve uma antecipação do horário de pico, com todos querendo sair para as ruas no mesmo horário. Neste caso, não há o que fazer. O sistema viário não comporta uma demanda atípica como esta", afirma o professor de engenharia de tráfego da Universidade Presbiteriana Mackenzie, João Cucci.
Tanto para Cucci quanto para Gabriel Feriancic, da Sistran, este problema pode ser evitado com uma boa dose de organização por parte das autoridades e empresas, e soluções relativamente simples de engenharia de tráfego. "Em dia de jogo na cidade, e isso vale para todas as cidades, devia-se pensar em orientar as empresas a liberar seu pessoal com folga maior. Só isso já diminuiria bastante a probabilidade de todos terem a mesma ideia e saírem juntos do trabalho", diz o diretor da Sistran.
O professor da Universidade Mackenzie ressalta o fato de que São Paulo possui uma engenharia de tráfego bem desenvolvida, tanto do ponto de vista de recursos humanos quanto com relação à tecnologia utilizada. "Nós contamos com o fato de que haverá investimentos em transporte público. Contamos também com a continuidade na modernização do controle de tráfego. São Paulo já se acostumou a grandes eventos, e não deve parar", afirma.
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