A moeda americana enfrenta uma alta valorização (Karen Bleier/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2011 às 17h45.
Rio de Janeiro - A alta do dólar que se observa no Brasil é mais um reflexo do cenário externo e tem menos vinculação com o real, disse hoje (22) o coordenador da área de economia aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV), Armando Castelar. “O dólar tem se valorizado de maneira forte em relação a outras moedas. Isso reflete uma aversão maior ao risco. O dinheiro está fluindo para os Estados Unidos”.
Há, segundo o economista da FGV, uma preocupação grande com a crise na Europa. Destacou que mesmo na China, alguns indicadores estão gerando preocupação, na medida em que podem desacelerar o crescimento. Nesse panorama, moedas de países considerados bons para investimento e em estágio de crescimento, como Brasil, a Austrália, Nova Zelândia e o Canadá, “sofrem um pouco a mais com isso”.
Para Castelar, esse é um comportamento dos investidores estrangeiros e não reflete uma mudança do que ocorre no Brasil, embora apresente alguns pequenos componentes internos, como a redução dos juros básicos, decidido pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). “Isso torna o investimento aqui dentro um pouco menos interessante”.
Ele explicou que a perspectiva de queda dos juros faz com que o valor dos papéis suba. E alguns investidores estão aproveitando a subida de preço dos títulos do governo, em particular, para vender esses títulos e, aí, obter ganho. “E botam esse dinheiro para fora”, declarou, referindo-se ao dinheiro que deixa o país.
Em relação ao impacto da valorização cambial, Castelar disse que o risco maior é sobre a inflação porque, para as contas externas, a alta do dólar é positiva. Ele acredita que a elevação da moeda norte-americana se tornará moderada quando os exportadores começarem a internalizar mais dinheiro.
Sobre o anúncio feito hoje pelo Banco Central de vender dólar no mercado futuro, o economista da FGV disse que a medida “já deu uma segurada” na valorização da moeda norte-americana. Ressaltou, porém, que o comportamento do dólar vai depender do que ocorrer no cenário externo.