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Alta do dólar destrava negócios com soja da nova safra do Brasil

O mercado da oleaginosa vinha estagnado com poucos contratos firmados para grãos da safra 2016/17, que serão colhidos no 1º trimestre do ano que vem

Soja: os negócios começaram a ocorrer na quinta-feira, em meio às repercussões da eleição de Donald Trump para a Casa Branca (foto/Divulgação)
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Reuters

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 16h33.

São Paulo - Os picos nas cotações do dólar registrados entre quinta e esta sexta-feira foram a deixa que produtores de soja e tradings esperavam para fechar negócios que estavam represados há meses, disseram corretores.

O mercado da oleaginosa vinha estagnado com poucos contratos firmados para grãos da safra 2016/17, que serão colhidos no primeiro trimestre do ano que vem.

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De um lado, produtores estavam insatisfeitos com os valores oferecidos. De outro, tradings exportadoras ficavam impossibilitadas de elevar as ofertas em um cenário de preços estáveis na bolsa de Chicago e câmbio desfavorável.

Os negócios começaram a ocorrer na quinta-feira, em meio às repercussões da eleição de Donald Trump para a Casa Branca, que ajudou o dólar a acumular uma alta de mais de 9 por cento entre o fechamento de quarta-feira e a máxima desta sexta.

"As multinacionais começaram a ir atrás de compras. Entre ontem e hoje foi vendido mais do que nos últimos dois meses", disse o diretor da corretora Confiança Agrícola, Vanderlei Angonese, baseado em Sinop, no norte de Mato Grosso.

Segundo ele, até semana passada as ofertas pela soja da nova safra giravam em torno de 60 reais por saca. Desde quinta-feira, negócios na região foram fechados a 66 reais.

"Movimentou bastante. A última alta que teve foi há dois meses", disse uma corretora de Rondonópolis (MT) que pediu para não ser identificada.

Na cidade, os preços da soja estavam estagnados a 65 reais por saca há mais de um mês, saltando agora para 70 reais.

Os negócios fechados em dois dias corresponderam a 1,5 milhão de toneladas da nova safra, estimou um analista sênior de uma corretora de São Paulo. Ele ressaltou, contudo, que produtores continuam cautelosos antes de fechar negócios antecipados.

"Uma mexida assim do câmbio era para rodar 3 milhões de toneladas. É um movimento bom, mas aquém do esperado com essa alta do dólar. Os produtores esperam o comportamento (da produtividade) das lavouras antes de fechar mais negócios", afirmou ele.

Segundo a consultoria Safras & Mercado, até 4 de novembro, antes da volatilidade cambial, a comercialização da safra 2016/17 havia atingido 25 por cento do volume total esperado, ante 20 por cento até 9 de setembro.

Os especialistas alertaram, contudo, que a movimentação do mercado de soja pode ser passageira, dependendo sempre de uma conjuntura favorável do câmbio e das cotações internacionais do grão.

Após intervenção do Banco Central, na tarde desta sexta-feira o dólar já havia devolvido todos os ganhos anteriores da sessão, operando perto da estabilidade, embora ainda no maior patamar desde meados do ano.

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