Alta de preços é temporária e transitória, diz Guedes
Para Guedes, com o fim do auxílio emergencial em dezembro, essa situação “deve se acalmar”
Agência O Globo
Publicado em 12 de novembro de 2020 às 11h32.
Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 12h28.
O ministro da Economia, Paulo Guedes , disse nesta quinta-feira que a alta de preços registrada nos últimos meses é temporária e transitória. Ele citou o aumento do consumo em setores como de alimentos e da construção civil, ocasionado pelo auxílio emergencial, como causa da situação.
— É uma alta temporária de preços e é uma alta transitória de preços. É importante manter isso em mente. Na hora que o auxílio emergencial vem, e as pessoas estão em confinamento, estão em casa, elas gastaram um pouco em material de construção, melhoraram suas casas e foram ao supermercado e fizeram compras — disse Guedes, em evento no setor de supermercados.
Para Guedes, com o fim do auxílio emergencial em dezembro, essa situação “deve se acalmar”. Mesmo antes disso, ressaltou, o governo reduziu o imposto de importação do arroz, da soja e do milho para segurar os preços.
— Quando a população começou a reclamar de preços excessivos no arroz, no óleo de soja, estamos examinando toda a pauta de alimentação para eliminar impostos de importação — disse Guedes.
Dados do IBGE divulgados na semana passada apontam que a inflação acelerou e ficou em 0,86% em outubro, na comparação com o mês anterior, pressionada principalmente pelos preços dos alimentos. Foi a maior alta para o mês desde 2002, quando o índice avançou 1,3%. Em 12 meses, o IPCA está em 3,92%, pouco abaixo do centro da meta de 4% estabelecida para 2020.
Falando para uma plateia de supermercadistas, Guedes afirmou que a culpa dos preços altos não são dos mercados.
— Muita gente às vezes está com raiva dos supermercados, está chateado com o supermercado. Não tem nada a ver com o supermercado. O supermercado é uma plataforma de distribuição. Se esse produto já chega caro, porque o subiu o câmbio ou porque a demanda foi forte e os preços subiram, nós temos que deixar a engrenagem do mercado funcionar — afirmou.
Taxa sobre transações
Duas semanas depois de dizer que o plano de criar um imposto sobre transações eletrônicas estava "morto", o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a ideia como forma de viabilizar a desoneração da folha de pagamento.
— Quando nós falamos em desonerar a folha, nós precisamos encontrar uma forma de financiamento dessa desoneração. E aí falamos então no imposto, na contribuição, sobre transações, inclusive as digitais, que são as que mais crescem no país. Foi nesse sentido que consideramos essa alternativa de tributação, mas sempre com a perspectiva de que não há aumento de impostos, é uma substituição tributária — disse Guedes, durante evento com o setor de supermercados.
No fim de outubro, em audiência pública no Congresso, o ministro havia dito que a ideia estava descartada e vinha sendo criticada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Na ocasião, Guedes disse que estava considerando que precisava parar de falar no tributo, defendido por ele e sua equipe desde a campanha eleitoral, mas enfrenta dificuldades por ser comparada à antiga CPMF, que vigorou entre 1998 e 2007 no país e se tornou extremamente impopular.
A nova declaração sobre o plano ocorreu após o ministro ser questionado se a reforma tributária traria aumento de impostos.
Além de defender a substituição do tributo sobre salários pela taxação sobre transações, Guedes voltou a afirmar que, na proposta do governo, dividendos — hoje isentos — passarão a ser tributados, como compensação a uma redução da tributação sobre o lucro das empresas.
— Não haverá aumento de imposto para quem paga imposto. Agora, quem nunca pagou, vai pagar. Então você fala: "Vai haver aumento de imposto sobre dividendos?". Vai, os impostos sobre dividendos subirão, sim. "Vai aumentar imposto sobre quem estava isento antes e nunca pagava?". Vai, se nós tributarmos as transações, quem não pagava, vai começar a pagar — acrescentou o ministro.
Ele afirmou, no entanto, que a decisão sobre as medidas depende de articulação política, como costuma dizer ao se referir aos planos da equipe econômica:
— É a política que dá o timing das reformas. Foi a política que permitiu a remoção dos privilégios na Previdência, a retomada dos leilões de petróleo, o envio da reforma administrativa.