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Alemanha leva programa de compra da dívida do BCE à justiça

Uma decisão a favor ou contra deste tribunal com sede em Luxemburgo poderia ter consequências no frágil equilíbrio da economia da zona do euro

Mario Draghi: o presidente da instituição descartou risco de deflação na zona do euro por enquanto, sinônimo da queda de preços, de salários e desaceleração da economia (Daniel Roland/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 15h56.

Frankfurt - O tribunal constitucional alemão decidiu nesta sexta-feira levar à justiça europeia o programa de compra de títulos da dívida pública do Banco Central Europeu porque considera que viola a soberania nacional dos países da zona do euro .

O programa, chamado OMT ("Outright Monetary Transactions), que nunca foi aplicado até o momento, foi adotado em setembro de 2012 em plena crise da dívida na zona do euro e seu anúncio contribuiu para a queda das taxas de juros dos países com mais dificuldades.

Em teoria, o OMT permite comprar de forma ilimitada dívida pública dos países em dificuldades.

Contudo, a maioria dos juízes (6 de 8) do Tribunal Constitucional de Karlsluhe, a máxima autoridade judicial no país, considera que o programa vai contra da soberania nacional dos 18 membros da zona euro e querem levá-lo ao Tribunal de Justiça da União Europeia.

Uma decisão a favor ou contra deste tribunal com sede em Luxemburgo poderia ter consequências no frágil equilíbrio da economia da zona do euro.

O BCE reagiu rapidamente e disse que "tomava nota" da decisão do tribunal alemão, mas reafirmou que "o programa OMT entrava dentro de seu mandato".

A decisão dá um respiro ao BCE, que teme que a modificação deste programa faça voltar a aumentar as taxas de juros dos países europeus mais frágeis, como Grécia ou Espanha.

"É uma boa notícia para o BCE", disse à AFP uma fonte europeia. Após a decisão, o euro limitava nesta sexta-feira sua queda frente ao dólar nos mercados de câmbio, embora segundo o economista da Berenberg Christian Schulz este anúncio "joga um balde de água fria na credibilidade do OMT".

Segundo especialistas consultados pela AFP, é pouco provável que o tribunal europeu faça modificações no programa, que contribuiu para acalmar os mercados.

"Poderia ser um sinal de que o tribunal [alemão] alcançou seus limites legais nas questões europeias ou que a questão é muito difícil e delicada e que é melhor delegá-la" à justiça europeia, alertou o economista Carsten Brzeski de ING.

"Ainda assim não está claro que o Tribunal de Justiça da União Europeia dê sua aprovação sem mais ao programa OMT", acrescentou.

O tribunal de Karlsruhe também está estudando o Mecanismo Europeu de Estabilidade (Mede), o mecanismo de resgate criado em plena crise, e tomará uma decisão a respeito no dia 18 de março. Em uma primeira análise em 2012 os juízes alemães consideraram que estava de acordo com a constituição alemã.

Na quinta-feira, em sua reunião mensal, o BCE decidiu manter sua principal taxa de juros inalterada (0,25%) e adiou novas medidas para estimular a economia.

O presidente da instituição, Mario Draghi, descartou, além disso, um risco de deflação na zona do euro por enquanto, sinônimo da queda de preços, de salários e desaceleração da economia.

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Frankfurt - O tribunal constitucional alemão decidiu nesta sexta-feira levar à justiça europeia o programa de compra de títulos da dívida pública do Banco Central Europeu porque considera que viola a soberania nacional dos países da zona do euro .

O programa, chamado OMT ("Outright Monetary Transactions), que nunca foi aplicado até o momento, foi adotado em setembro de 2012 em plena crise da dívida na zona do euro e seu anúncio contribuiu para a queda das taxas de juros dos países com mais dificuldades.

Em teoria, o OMT permite comprar de forma ilimitada dívida pública dos países em dificuldades.

Contudo, a maioria dos juízes (6 de 8) do Tribunal Constitucional de Karlsluhe, a máxima autoridade judicial no país, considera que o programa vai contra da soberania nacional dos 18 membros da zona euro e querem levá-lo ao Tribunal de Justiça da União Europeia.

Uma decisão a favor ou contra deste tribunal com sede em Luxemburgo poderia ter consequências no frágil equilíbrio da economia da zona do euro.

O BCE reagiu rapidamente e disse que "tomava nota" da decisão do tribunal alemão, mas reafirmou que "o programa OMT entrava dentro de seu mandato".

A decisão dá um respiro ao BCE, que teme que a modificação deste programa faça voltar a aumentar as taxas de juros dos países europeus mais frágeis, como Grécia ou Espanha.

"É uma boa notícia para o BCE", disse à AFP uma fonte europeia. Após a decisão, o euro limitava nesta sexta-feira sua queda frente ao dólar nos mercados de câmbio, embora segundo o economista da Berenberg Christian Schulz este anúncio "joga um balde de água fria na credibilidade do OMT".

Segundo especialistas consultados pela AFP, é pouco provável que o tribunal europeu faça modificações no programa, que contribuiu para acalmar os mercados.

"Poderia ser um sinal de que o tribunal [alemão] alcançou seus limites legais nas questões europeias ou que a questão é muito difícil e delicada e que é melhor delegá-la" à justiça europeia, alertou o economista Carsten Brzeski de ING.

"Ainda assim não está claro que o Tribunal de Justiça da União Europeia dê sua aprovação sem mais ao programa OMT", acrescentou.

O tribunal de Karlsruhe também está estudando o Mecanismo Europeu de Estabilidade (Mede), o mecanismo de resgate criado em plena crise, e tomará uma decisão a respeito no dia 18 de março. Em uma primeira análise em 2012 os juízes alemães consideraram que estava de acordo com a constituição alemã.

Na quinta-feira, em sua reunião mensal, o BCE decidiu manter sua principal taxa de juros inalterada (0,25%) e adiou novas medidas para estimular a economia.

O presidente da instituição, Mario Draghi, descartou, além disso, um risco de deflação na zona do euro por enquanto, sinônimo da queda de preços, de salários e desaceleração da economia.

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