Economia

Ajuda do BNDES às aéreas pode ficar para setembro

As negociações com Gol e Azul estão em andamento, disseram fontes, que pediram para não ser identificadas pois a negociação não é pública

Companhias aéreas globais têm reduzido ainda mais voos (Patrick Foto/Getty Images)

Companhias aéreas globais têm reduzido ainda mais voos (Patrick Foto/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 17 de julho de 2020 às 13h21.

A ajuda financeira prometida pelo governo para as companhias aéreas pode chegar apenas em setembro, disseram duas pessoas com conhecimento sobre o assunto.

As negociações com Gol e Azul estão em andamento, disseram as pessoas, que pediram para não ser identificadas pois a negociação não é pública. Uma delas afirmou que a maior probabilidade é que a operação saia só depois da segunda metade de agosto, quando as empresas tiverem divulgado seus balanços do segundo trimestre. A Azul divulga resultados em 13 de agosto e a Gol, 31 de julho.

As duas empresas têm dinheiro suficiente para esperar até que os acordos sejam concluídos, disseram as pessoas. Enquanto o BNDES tem pedido mais garantias nas negociações, as empresas têm pedido taxas menores, o que tem atrasado as negociações.

Ao contrário das empresas americanas e europeias, que foram resgatadas logo que a pandemia do novo coronavírus atingiu o setor desde o fim de fevereiro, as brasileiras ainda estão em conversas com o BNDES e outros bancos comerciais para obter auxílio. A equipe econômica já acredita que a pior parte da crise acabou e que há mais apetite de mercado pelas companhias aéreas, disse uma das pessoas.

A Gol disse em resposta por email que segue negociando com o BNDES e espera qu haja uma definição “nas próximas semanas.” A Azul afirmou que continua em negociação com o BNDES “e não há novidades para compartilhar neste momento.” O BNDES preferiu não comentar.

A ajuda negociada com as aéreas inclui a emissão de debêntures conversíveis que serão emitidas pelas empresas aéreas e subscritas pelo BNDES, além de porções de recursos vindas de bancos comerciais e do mercado de capitais.

Embora as companhias aéreas tenham mostrado alguma recuperação desde o início da crise - as ações da Gol quase quadruplicaram desde o início de março, enquanto as da Azul dobraram - o mercado de capitais ainda não está aberto para essas empresas na escala em que elas precisam, disse uma pessoa, lembrando que isso torna o negócio do BNDES mais atraente.

Já as negociações com a Latam perderam força. Há dúvidas sobre se o BNDES poderia dar auxílio financeiro a uma empresa que entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos, disse uma pessoa. Além da Latam, a Avianca e o Grupo Aeromexico também recorreram à legislação americana para pedir proteção contra falência. Procurado, o BNDES não comentou o assunto.

A Latam disse por email que as negociações com o BNDES continuam acontecendo e o financiamento através do DIP (Debtor-in-possession) oferece ao BNDES prioridade sobre todos os passivos da Latam anteriores a entrada ao Chapter 11, “sendo assim uma garantia maior que qualquer outra empresa poderia oferecer.” A empresa também diz que o BNDES pediu às aéreas que pelo menos 30% do valor fosse captado no mercado e que a Latam conseguiu captar mais de 90% no mercado.

--Com a colaboração de Vinícius Andrade.

Acompanhe tudo sobre:BloombergBNDEScompanhias-aereasCoronavírusCrise econômica

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor