As negociações com Gol e Azul estão em andamento, disseram as pessoas, que pediram para não ser identificadas pois a negociação não é pública. Uma delas afirmou que a maior probabilidade é que a operação saia só depois da segunda metade de agosto, quando as empresas tiverem divulgado seus balanços do segundo trimestre. A Azul divulga resultados em 13 de agosto e a Gol, 31 de julho.
As duas empresas têm dinheiro suficiente para esperar até que os acordos sejam concluídos, disseram as pessoas. Enquanto o BNDES tem pedido mais garantias nas negociações, as empresas têm pedido taxas menores, o que tem atrasado as negociações.
Ao contrário das empresas americanas e europeias, que foram resgatadas logo que a pandemia do novo coronavírus atingiu o setor desde o fim de fevereiro, as brasileiras ainda estão em conversas com o BNDES e outros bancos comerciais para obter auxílio. A equipe econômica já acredita que a pior parte da crise acabou e que há mais apetite de mercado pelas companhias aéreas, disse uma das pessoas.
A Gol disse em resposta por email que segue negociando com o BNDES e espera qu haja uma definição “nas próximas semanas.” A Azul afirmou que continua em negociação com o BNDES “e não há novidades para compartilhar neste momento.” O BNDES preferiu não comentar.
A ajuda negociada com as aéreas inclui a emissão de debêntures conversíveis que serão emitidas pelas empresas aéreas e subscritas pelo BNDES, além de porções de recursos vindas de bancos comerciais e do mercado de capitais.
Embora as companhias aéreas tenham mostrado alguma recuperação desde o início da crise - as ações da Gol quase quadruplicaram desde o início de março, enquanto as da Azul dobraram - o mercado de capitais ainda não está aberto para essas empresas na escala em que elas precisam, disse uma pessoa, lembrando que isso torna o negócio do BNDES mais atraente.
Já as negociações com a Latam perderam força. Há dúvidas sobre se o BNDES poderia dar auxílio financeiro a uma empresa que entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos, disse uma pessoa. Além da Latam, a Avianca e o Grupo Aeromexico também recorreram à legislação americana para pedir proteção contra falência. Procurado, o BNDES não comentou o assunto.
A Latam disse por email que as negociações com o BNDES continuam acontecendo e o financiamento através do DIP (Debtor-in-possession) oferece ao BNDES prioridade sobre todos os passivos da Latam anteriores a entrada ao Chapter 11, “sendo assim uma garantia maior que qualquer outra empresa poderia oferecer.” A empresa também diz que o BNDES pediu às aéreas que pelo menos 30% do valor fosse captado no mercado e que a Latam conseguiu captar mais de 90% no mercado.
--Com a colaboração de Vinícius Andrade.