A transição e a dúvida: quem comandará o Banco Central?
Caso Ilan Goldfajn não queira permanecer no cargo, já há ao menos cinco profissionais sendo cogitados para assumir a condução da autoridade monetária
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2018 às 05h49.
Última atualização em 9 de novembro de 2018 às 10h46.
A primeira semana de transição de governo termina com uma grande dúvida para investidores e analistas: quem comandará o Banco Central no governo de Jair Bolsonaro ?
Caso o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, não aceite permanecer à frente da autoridade monetária, já há ao menos cinco profissionais sendo cogitados para assumir o BC, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. A lista inclui Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco (cargo ocupado anteriormente por Goldfajn), Carlos Viana, diretor de política econômica do BC, Roberto Campos Neto, diretor do Santander, além dos economistas Benny Parnes e Afonso Bevilacqua.
Goldfajn substituiu Alexandre Tombini, em junho de 2016, com o objetivo de levar a inflação – que encerrou aquele ano em 6,29% – ao centro da meta, de 4,5%. Conseguiu. Em 2017, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 2,95% e, neste ano, deve terminar entre 4% e 4,5%, dependendo dos resultados de novembro e dezembro. “Ilan vai entrar para a história como um dos melhores presidentes do BC que a gente já teve”, avalia Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.
Além de ter cumprido com seu objetivo principal, Goldfajn foi ainda um dos protagonistas da nova meta de inflação, estabelecida em 3,75% para 2021. A última vez que o centro da meta ficou abaixo de 4% foi em 2004. Para o ano que vem, a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional foi de 4,25% e, para 2020, de 4%.
Sobre os nomes cogitados para assumir o BC, Vale diz que todos são muito competentes, apesar dos perfis variados: uns com mais experiência acadêmica e outros com mais vivência de mercado. “Qualquer um que for escolhido deve seguir o caminho traçado por Ilan, caso ele não queira ficar no cargo”, diz Vale. “Essa definição, no entanto, não deve tomar muito tempo do novo governo que precisa concentrar esforços na reforma da Previdência”, acrescenta.
Outro ponto importante, quando se trata de BC, é a independência da autoridade monetária, termo que se refere à blindagem contra interferências políticas na condução dos trabalhos da autarquia. A independência é essencial para evitar o que houve, por exemplo, durante o governo de Dilma Rousseff, quando a ex-presidente fez inúmeras menções à redução da taxa de juros, o que pode ter contribuído para os cortes na Selic e para o subsequente aumento da inflação, segundo Vale.
Por evitar ingerências políticas, um BC independente passa mais credibilidade aos investidores locais e estrangeiros. “A necessidade dessa credibilidade fica ainda mais evidente num momento de desconforto econômico causado por crises diversas que todos os países sempre passam”, afirma Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae.