"A Previdência é mais importante que a eleição", diz Trabuco
Em entrevista, o presidente do Bradesco afirmou que acredita que o presidente Michel Temer tem capital político para conduzir a agenda em fevereiro
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de dezembro de 2017 às 07h56.
São Paulo - Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente executivo e do conselho de administração do Bradesco, disse nesta quinta-feira, 14, que a reforma da Previdência é mais importante que as eleições de 2018.
O banqueiro, que vai anunciar seu sucessor no primeiro trimestre de 2018, acredita que o presidente Michel Temer tem capital político para conduzir a agenda em fevereiro. A seguir, os principais trechos da entrevista.
A reforma da Previdência ficou para fevereiro de 2018. O sr. acredita que o presidente tem capital político aprovar as mudanças?
Acredito. Ele tem um governo que quer reformar e ter coerência na política fiscal e monetária. O presidente acaba definindo uma agenda positiva. A reforma é mandatória e fundamental a médio prazo para o teto dos gastos públicos.
Se a reforma da Previdência não for aprovada neste governo o sr. acredita que outro presidente, independentemente de quem for eleito, conseguirá aprovar?
Acho que a reforma é mais importante que as eleições. Ela dá o tom mais imediato em relação à agenda positiva.
Mesmo com a eleição de um candidato de extrema direita ou de extrema esquerda?
A reforma passa pela necessidade. Ela é a impulsionadora, independentemente do candidato.
Como o sr. vê o cenário para a corrida eleitoral em 2018?
Eu não consigo avaliar o quadro dos possíveis candidatos, mas seguramente é uma eleição em que nós teremos uma profusão de candidatos refletindo o espectro político da sociedade. Será um ano marcado por muito debate, com uma pluralidade de candidatos que vai refletir o pensamento da sociedade.
Se a reforma não for aprovada em 2018, poderá comprometer o crescimento do País no ano que vem?
As previsões de crescimento para 2018 já estão dadas. A reforma da Previdência é quase uma mãe de todas as reformas. O sistema previdenciário está embasado em cima de um pacto de gerações. Se não houver a reforma, teremos um conflito de gerações e não um pacto de gerações. A reforma dá resultados no médio prazo. No curto prazo, sinaliza um comprometimento com os gastos públicos, refletindo imediatamente no valor dos ativos.
O sr. está otimista em relação à retomada do crescimento para 2018?
A recessão foi tão profunda... Os que mantiveram emprego agora estão comprando carro, trocando móveis, renovando parte do guarda-roupa. Isso é um dado que vai jogar para a taxa de investimento. O pior ficou para trás, mesmo que a reforma da Previdência não tenha sido aprovada.
O cenário estará mais propício para atrair investimentos ao País?
Já temos visto investimentos. As recentes operações de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) já sinalizam essa retomada. O Brasil, por suas características, é um bom lugar para se investir. E todos os indicadores mostram que os investidores estão com o dedo no gatilho para investir.
O que falta para apertar o gatilho?
Um processo de expectativa, vamos dizer assim. É um País que vai passar por um processo eleitoral. Temos um governo que está tentando convencer o Congresso a fazer as reformas. O Brasil tem um portfólio importante de infraestrutura que tem atraído investidores.
Os empresários têm sido mais atuantes nos debates do País?
O empresariado não quer reforma tributária para pagar menos imposto. Queremos simplificar o sistema tributário. Num país que passa por ajuste fiscal, seria insanidade a reforma tributária para reduzir os impostos. Agora não contar com aumento da carga e simplificar, é uma coisa desejável. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.