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América Latina deve utilizar sua força econômica para escapar da crise

É provável que este seja o primeiro ano em que a situação na América Latina será analisada em Davos como um exemplo a ser seguido e não um problema a ser solucionado

Cárdenas, da Colômbia, afirmou que o 'problema estrutural da baixa produtividade' na A. Latina se resolve combatendo a 'informalidade' (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2012 às 13h59.

Davos (Suíça) - A boa saúde da economia da América Latina deve ser utilizada para proteger à região contra a crise financeira internacional, cenário que faz cambalear a Europa e que, cedo ou tarde, afetará o continente, avaliaram nesta quarta-feira ministros e analistas presentes ao Fórum Econômico Mundial de Davos .

É provável que este seja o primeiro ano em que a situação na América Latina será analisada em Davos como um exemplo a ser seguido e não um problema a ser solucionado. Os problemas agora estão concentrados nas economias da União Europeia, que sofrem com uma crise de dívida soberana.

Políticos, empresários e acadêmicos se reuniram hoje na primeira sessão do Fórum de Davos que foi dedicada à América Latina e na qual, apesar dos elogios a estabilidade macroeconômica na maior parte dos países da região, também foi feita uma clara advertência de que ainda não existem as bases necessárias a um crescimento sustentável no futuro.

O ministro de Minas e Energia da Colômbia, Mauricio Cárdenas, se referiu ao 'problema estrutural da baixa produtividade' na América Latina, cuja solução passa por atender o problema 'da informalidade, que é maior do que em outras partes do mundo'.

'Estes não são momentos para autocomplacência, estamos diante de uma crise maior, que sem dúvida alguma, nos atingirá, com a diferença que agora contamos com mais ferramentas de política monetária e fiscal', justificou o ministro colombiano.

Uma grande mudança que Cardenas observou na América Latina tem a ver com o passado 'da obsessão pelas exportações em detrimento aos mercados nacionais'.


'Os mercados internos se transformaram em atores-chaves', atestou o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias.

Para ele, historicamente os preços das matérias-primas serviram de 'termômetro fundamental para o crescimento' e esta situação se repete agora pelos altos preços dos produtos nos mercados internacionais.

Mas Iglesias advertiu que 'seria um grave erro pensar que este único fator permitirá sustentar o crescimento no futuro'.

O professor do Instituto Tecnológico Autônomo do México, Guillermo Ortiz, considerou que uma das lições mais importantes aprendidas pelos países latino-americanos se refere ao 'reforço dos sistemas financeiros nacionais, o que agora permite a eles suportar a crise europeia'.

Sobre os investimentos na extração de recursos naturais, uma questão que originou protestos populares na história recente de países latino-americanos, Cardenas sustentou que a 'chave do sucesso é aproveitar o 'boom' das matérias-primas em um contexto de democracia'.

Por democracia não deve ser entendido somente o Estado de direito, mas a 'liberdade de expressão, de participação política e prestação de contas, assim como regras claras para a utilização dos recursos' gerados pela extração.

Defendeu, por sua vez, que as receitas devem priorizar os 'objetivos nacionais' mais do que as despesas locais.

O ministro colombiano ressaltou, por último, o modelo econômico que reúne a participação do Estado nas atividades das empresas, particularmente as vinculadas à exploração de recursos naturais.

'Trata-se de uma nova forma de empresariado que é parte do êxito da Colômbia no âmbito de energia', declarou.

Denominado 'capitalismo estatal', os participantes da sessão sobre a América Latina tiveram opiniões divergentes sobre o modelo, que Ortiz assinalou que é aplicável ao setor energético mexicano.

O empresário venezuelano Lorenzo Mendoza, diretor-executivo de Empresas Polar, alertou sobre os riscos da participação do Estado nesse tipo de negócios, que vão desde a falta de mecanismos que garantam a transparência das decisões até a corrupção.

'O capitalismo de Estado pode ser perigoso para as democracias estáveis na América Latina. Os conflitos de interesse, em questões de leis, gestão e regulação, podem surgir rapidamente', sustentou. EFE

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Políticos, empresários e acadêmicos se reuniram hoje na primeira sessão do Fórum de Davos que foi dedicada à América Latina e na qual, apesar dos elogios a estabilidade macroeconômica na maior parte dos países da região, também foi feita uma clara advertência de que ainda não existem as bases necessárias a um crescimento sustentável no futuro.

O ministro de Minas e Energia da Colômbia, Mauricio Cárdenas, se referiu ao 'problema estrutural da baixa produtividade' na América Latina, cuja solução passa por atender o problema 'da informalidade, que é maior do que em outras partes do mundo'.

'Estes não são momentos para autocomplacência, estamos diante de uma crise maior, que sem dúvida alguma, nos atingirá, com a diferença que agora contamos com mais ferramentas de política monetária e fiscal', justificou o ministro colombiano.

Uma grande mudança que Cardenas observou na América Latina tem a ver com o passado 'da obsessão pelas exportações em detrimento aos mercados nacionais'.


'Os mercados internos se transformaram em atores-chaves', atestou o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias.

Para ele, historicamente os preços das matérias-primas serviram de 'termômetro fundamental para o crescimento' e esta situação se repete agora pelos altos preços dos produtos nos mercados internacionais.

Mas Iglesias advertiu que 'seria um grave erro pensar que este único fator permitirá sustentar o crescimento no futuro'.

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Por democracia não deve ser entendido somente o Estado de direito, mas a 'liberdade de expressão, de participação política e prestação de contas, assim como regras claras para a utilização dos recursos' gerados pela extração.

Defendeu, por sua vez, que as receitas devem priorizar os 'objetivos nacionais' mais do que as despesas locais.

O ministro colombiano ressaltou, por último, o modelo econômico que reúne a participação do Estado nas atividades das empresas, particularmente as vinculadas à exploração de recursos naturais.

'Trata-se de uma nova forma de empresariado que é parte do êxito da Colômbia no âmbito de energia', declarou.

Denominado 'capitalismo estatal', os participantes da sessão sobre a América Latina tiveram opiniões divergentes sobre o modelo, que Ortiz assinalou que é aplicável ao setor energético mexicano.

O empresário venezuelano Lorenzo Mendoza, diretor-executivo de Empresas Polar, alertou sobre os riscos da participação do Estado nesse tipo de negócios, que vão desde a falta de mecanismos que garantam a transparência das decisões até a corrupção.

'O capitalismo de Estado pode ser perigoso para as democracias estáveis na América Latina. Os conflitos de interesse, em questões de leis, gestão e regulação, podem surgir rapidamente', sustentou. EFE

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