A dúvida segue: Guedes criará uma nova CPMF?
Presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, junto de Guedes, acertaram que reforma tributária será encaminhada no início de 2020
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 07h12.
Última atualização em 19 de dezembro de 2019 às 07h26.
São Paulo — Afinal, o governo vai criar uma nova CPMF, o imposto sobre movimentações financeiras? Na segunda-feira, a bolsa fechou em queda depois de o presidente Jair Bolsonaro deixar a possibilidade em aberto. O tema ficou adormecido na terça até que, ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou com todas as letras que a possibilidade é concreta.
Guedes disse que o governo ainda busca uma alternativa à CPMF, como uma forma de tributar as transações digitais, que segundo ele serão a forma mais corrente de transferir dinheiro em 2020. “A ideia de tributar consumo e renda, mas também transações, é uma ideia que temos desde o início”. Guedes completou dizendo que é preciso encontrar uma forma de tributar transferências de dinheiro que acontecerão ao encostar dois celulares.
Ontem, investidores deram mais peso a outro trecho do discurso de Guedes, em que ele afirma que o PIB brasileiro crescerá em 2020 o dobro de 2019 — o que leva a perspectivas de expansão de até 2,5%. Foi o suficiente para o Ibovespa subir 1,51% e fechar em novo recorde, de 114.314 pontos. O problema, claro, é que o governo não consegue determinar quanto a economia vai avançar, mas pode, isso sim, encaminhar a criação de impostos .
Mais uma vez, o ministro da Economia ponderou que a CPMF é um imposto “maldito” desde a campanha, e mais, uma vez, fez valer sua visão de mundo sobre a economia, deixando clara sua predileção pelo imposto para desonerar a folha de pagamentos. O ex-secretário da Receita, Marcos Cintra, vale lembrar, caiu após seus planos de recriar a CPMF virem à tona.
Ontem, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, junto de Guedes, acertaram que a reforma tributária será encaminhada no início de 2020, com a criação de uma comissão mista para analisar a pauta. O prazo de instalação do colegiado começa a contar já nesta quinta-feira. Como ficou claro ontem, Guedes está disposto a debater — desde que suas propostas sejam as vencedoras, de um jeito ou de outro.