Brasil precisa superar desafios econômicos chegar na frente de outras nações e atrair investimentos (Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2012 às 14h37.
São Paulo – Boas perspectivas de crescimento, espaço para expansão de diversos setores e um cenário macroeconômico geral mais favorável são alguns dos fatores que fazem com que o Brasil ganhe destaque no cenário internacional. Porém, nem só de soluções vive o país e alguns problemas ainda persistem.
Num estudo batizado de “Doing Business in Rio”, ou Fazendo Negócios no Rio, em português, a auditoria e consultoria Ernst & Young Terco, em parceria com a Rio Negócios, apresentou para investidores internacionais um cenário completo sobre o país.
Nessa apresentação, a pesquisa apontou sete desafios que o Brasil ainda precisa superar. Não são questões exclusivas do Rio de Janeiro e, embora o estudo tenha sido dirigido para projetos empresariais, alguns desses fatores são bem familiares e presentes no dia a dia dos brasileiros.
Conheça os desafios que o país ainda tem que superar, segundo o estudo:
1 – Estabelecer um novo sistema tributário
A E&Y afirma no documento que o sistema tributário do Brasil é muito complexo de entender, tem um custo que deve ser bem gerenciado e, se não for bem avaliado por investidores estrangeiros, pode dificultar o retorno do investimento sobre os projetos.
“Existe um amplo consenso de que o sistema tributário precisa mudar e se modernizar, mas a maior parte dessas mudanças falharam na implementação devido a complexidade do sistema e a natureza federativa do Brasil”, destaca a E&Y no relatório.
Segundo a empresa de auditoria, qualquer mudança precisaria de muitas negociações para alcançar uma proposta satisfatória para os estados, cidades, governo e contribuintes.
2- Melhorar o custo benefício dos gastos do setor público
Com uma arrecadação de impostos eficiente, o Brasil teria condições para usar esse dinheiro para cobrir bem seus custos operacionais e ainda investir o valor restante, avalia a E&Y. Porém, não é isso que acontece.
A auditoria apontou em seu relatório que problemas como ineficiência de alocação dos investimentos, gastos excessivos, falta de um bom controle de despesas e corrupção deixam a impressão de que os serviços prestados pelo governo estão abaixo do esperado com a arrecadação obtida.
A E&Y afirma que em alguns níveis da administração do país está ficando claro para os líderes que a população está mais exigente. A empresa também afirma no estudo que já aparece em regiões mais desenvolvidas a tendência de os contribuintes reconhecerem melhor os administradores que demonstram mais eficiência no uso do dinheiro do que os que lançam programas populistas sem investimentos sustentáveis.
“Embora ainda não esteja consolidada, essa tendência está ganhando espaço e esperamos ver mais dela no futuro ao passo em que uma população nova e mais educada alcança a idade para o voto na próxima década”, afirma o estudo.
3 – Privatização da infraestrutura e ativos não estratégicos
O estudo aponta que já há iniciativas positivas nesse sentido, como a privatização de alguns aeroportos, mas que ainda existe um debate ideológico sobre o que deve ou não ser controlado pelo governo, algo que pode impedir novos avanços.
"Alcançar um consenso sobre o papel do Estado e do setor privado é uma das poucas coisas que deve levar tempo para acontecer”, afirma a E&Y.
4 – Tornar mais dinâmicas as relações e leis trabalhistas
Como parte da história e cultura do país, foram criados mecanismos de proteção ao trabalho e ao trabalhador ao longo dos anos. Complementando esses mecanismos, existe uma série de taxas e impostos. Embora não esteja previsto para um futuro próximo, mudanças estruturais nesses mecanismos são necessárias.
Na visão da E&Y, existem alguns aspectos das leis trabalhistas que precisam ser revistos, especialmente alguns pontos específicos que poderiam levar a uma redução dos custos do emprego formal.
Um exemplo é a necessidade de reconhecer modelos empregatícios, como trabalhadores “virtuais” ou terceirizados, que não existiam há alguns anos, quando a maior parte das leis trabalhistas vigentes foi criada.
5 – Reduzir a burocracia dos negócios
Em outro estudo recente da E&Y sobre empreendedorismo nos países do G20, a auditoria e consultoria apontou que, embora o Brasil tenha realizado melhorias significativas, ainda é um dos países mais burocráticos quando o assunto é desenvolvimento de novos negócios, seja uma pequena empresa, ou um grande projeto.
Segundo o estudo, a complexidade das leis federais e municipais traz uma série de aprovações e permissões necessárias de se obter antes de desenvolver um projeto e o número de exigências é muito maior do que qualquer outro lugar no mundo.
De acordo com a E&Y, existe uma percepção de que os processos estão sendo simplificados e integrados, introduzindo o uso da internet como um bom canal de comunicação entre os negócios e o governo. Apesar disso, ainda é necessária uma abordagem mais sistemática no país todo para melhor a posição do Brasil em comparação com outras nações.
6 – Lidar com a falta de mão de obra qualificada
Embora o nível de educação da população esteja aumentando, a mão de obra qualificada, em geral, ainda não é suficiente em áreas definitivas para o crescimento econômico do país.
O estudo destaca que existem iniciativas pontuais públicas e privadas eficientes na área de educação, mas que esses programas ainda têm um longo caminho para entregar resultados relevantes diante do problema.
Enquanto isso não acontece, o Brasil ainda precisará contar em parte com mão de obra especializada de estrangeiros e trabalhar um ambiente legal mais favorável para atrais e reter talentos. Como muitos países competem por essas pessoas, as iniciativas precisariam passar inclusive pela facilitação de vistos e autorizações de trabalho.
7 – Desenvolver uma cultura de excelência nos serviços e projetos do governo
Com muitos recursos financeiros disponíveis, o governo brasileiro está começando a perceber que sua estrutura não está sendo otimizada para entregar nem o nível de serviço esperado pelos contribuintes, nem os projetos necessários para permitir um crescimento econômico anual de 5%, o que alguns analistas acreditam ser o ritmo de expansão da economia mais adequado para o país.
Segundo a E&Y, uma série de questões causa essa situação, desde a falta de mão de obra qualificada, até a burocracia.
Apesar disso, algumas administrações municipais, estaduais, e alguns setores do governo federal estão claramente aumentando o foco no desenvolvimento da cultura e das pessoas. Porém, essa tendência ainda precisa de práticas que sirvam de modelo para consolidar e aumentar o ritmo das mudanças.