Economia

5 pontos imperdíveis da ata do Copom

Comitê defende “máxima” parcimônia para ajustes nas condições monetárias e cenário internacional com viés inflacionário no curto prazo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2012 às 12h59.

São Paulo - Na última semana, o Copom reduziu a Selic, a taxa básica de juros, em 0,5 ponto percentual, para 7,50%. O corte já era esperado pelo mercado, que aguardava o comentário após o encontro e na ata do Comitê, divulgada hoje, para tentar identificar sinais de como será a atuação do Comitê na próxima reunião, em outubro. 

“A ata está em linha com o que o BC havia sinalizado na semana passada com o comunicado, que está próximo o fim corte de juros e vai depender do cenário”, disse Silvio Campos Neto, analista da área de macroeconomia da Tendências. 

Confira cinco pontos da ata que explicam a decisão do BC e sinalizam os próximos passos:

1. Parcimônia

O Comitê falou novamente em parcimônia. A ata informa que “se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia”. 

Para Rogério Mori, da FGV, esses “movimentos com parcimônia” podem sinalizar o fim do ciclo de cortes. Nesse aspecto não há consenso. A agência classificadora de risco Austin Rating, por exemplo, manteve sua expectativa de corte de 0,25 p.p. na próxima reunião, encerrando o ciclo de queda na taxa Selic em 7,25% ao ano. 

Para Campos Neto, parece que o BC ainda está propenso a um último corte de 0,25%. “Se isso acontecer, confirma essa preocupação que todos tem de que a política monetária é usada para vários objetivos além de manter a inflação na meta”, disse. 

2. Inflação

Para o Copom, a inflação tende a se deslocar na direção da trajetória de metas, de forma não linear. Essa grande demonstração de confiança na convergência da inflação à meta de 4,5% chama a atenção, segundo Campos Neto. 


O boletim Focus mostra que o mercado está constantemente ajustando para cima suas perspectivas de inflação. O Goldman Sachs destacou que o Copom excluiu o parágrafo (presente na ata anterior) afirmando que “neste momento os riscos para as perspectivas de inflação permanecem limitados e que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do cenário externo tem sido desinflacionário”.

Campos Neto destaca que, por mais que o Comitê entenda que a inflação irá direcionar-se para o centro da meta, isso é controverso com parte da ata que projeta, para um determinado cenário, inflação acima da meta em 2012, 2013 e no primeiro semestre de 2014. 

“O Comitê admite que a inflação até piorou no curto prazo, mas por problemas que tendem a ser temporários”, disse o analista. A ata destaca “os riscos (para a inflação) decorrentes da instabilidade dos preços de produtos in natura e de grãos, que se manifesta, por exemplo, na dinâmica dos preços no atacado”.  Para Mori, no curto prazo, há a dúvida sobre o que vai acontecer com preço de alimentos e, como a economia brasileira está “meio parada”, não há um grande combustível para a inflação que não seja o choque do preço de alimentos. 

Assim como na ata da reunião de julho, o Comitê avaliou como decrescentes os riscos derivados da persistência do descompasso, em segmentos específicos, entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda e citou o risco da possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade, gerar repercussões negativas sobre a inflação. 

3. Cenário internacional

A ata do Copom anterior a de hoje avaliava que o cenário internacional manifestava viés desinflacionário. Dessa vez, o Comitê considera que há um viés inflacionário no curto prazo – e desinflacionário no médio prazo. 

A ata afirma que, desde a última reunião, surgiram evidências de pressões localizadas de preços, decorrentes de um choque desfavorável de oferta no segmento de commodities agrícolas. Para o Copom, esse choque tende a ser menos intenso e menos duradouro do que o ocorrido em 2010/2011, e tende a se reverter no médio prazo. 


O Copom considera que, desde sua última reunião, os riscos para a estabilidade financeira global permaneceram elevados. 

4. Demanda

Novamente, o Copom avalia que a demanda doméstica tende a se apresentar robusta, especialmente o consumo das famílias, “em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão moderada do crédito”. O comitê acredita que esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos semestres. 

O Goldman Sachs destacou que o Copom acredita que o recente anúncio de concessões de estradas e ferrovias vai encorajar os investimentos. “Para o Comitê, esses efeitos (das ações de política recentemente implementadas), os programas de concessão de serviços públicos e a gradual recuperação da confiança criam boas perspectivas para o investimento neste e nos próximos semestres”, diz a ata. 

5. Atividade econômica

O contexto macroeconômico descrito no documento avalia que a recuperação da atividade econômica doméstica tem se materializado de forma gradual, segundo a Austin Rating. 

O Copom defende que são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica neste e nos próximos semestres, com alguma diferença entre os setores. O comitê baseia essa avaliação Nos sinais que apontam expansão moderada da oferta de crédito, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas e no fato de a confiança de consumidores e, em menor escala, de empresários encontrar-se em níveis elevados. 

“O Comitê entende, adicionalmente, que a atividade doméstica continuará a ser favorecida pelas transferências públicas, bem como pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em crescimento dos salários, apesar de certa acomodação na margem”, afirma a ata.

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