São Paulo - 77% dos brasileiros consideram justo cobrar mais impostos de quem ganha mais e cobrar menos de quem ganha menos.
A opinião varia de acordo com a renda: nas classes A e B, 68% acham isso justo, número que sobre para 80% na classe C e 82% nas classes D e E.
Os dados são de uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) entre 29 de abril e 7 de maio em todo o Brasil e com 3 pontos percentuais de margem de erro.
A insatisfação com a carga tributária e os serviços públicos é geral. 85% acham que o governo não utiliza bem o dinheiro que arrecada e 88% concordam que o brasileiro paga mais impostos do que deveria.
Em relação à afirmação "os ricos no Brasil não pagam impostos", surge uma divisão: 45% concordam e 46% discordam. Novamente, a concordância varia de acordo com a classe: vai de 36% nas A e B até 51% nas D e E.
A progressividade do sistema tributário é uma parte central da discussão sobre como dividir o custo do ajuste econômico sem penalizar os mais pobres. O desafio é fazer isso sem aumentar a carga total ou desestimular o investimento.
Na pesquisa do Ipsos, 77% concordam que "as empresas não investem no Brasil por causa da alta carga de impostos" e 81% acham que "para gerar emprego, o governo federal tem que reduzir os impostos das empresas".
Algumas propostas que têm sido ventiladas por enquanto para aumentar a receita do governo são o aumento das taxas sobre combustíveis e a a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF).
Segundo a pesquisa, 79% são contra a CPMF e 70% discordam que ela seja necessária para equilibrar os gastos do governo, mas os números esbarram no desconhecimento da questão.
Um quarto dos brasileiros não tinham sequer ouvido falar do imposto e 37% não sabiam que havia uma proposta para sua volta em discussão no Congresso. O conhecimento sobre a questão é de apenas 41% nas classes D e E e 52% no Nordeste.
- 1. A mordida do leão
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São Paulo - O Brasil tem uma das maiores taxas de
impostos sobre empresas no mundo, de acordo com um
levantamento da
PwC em 189 países. Diferentes tipos de empresas pagam diferentes taxas; o estudo usa um modelo ideal de empresa industrial e totalmente nacional com 60 funcionários e 20% de margem de lucro, entre outras suposições. Em dois países, o vizinho
Argentina e as ilhas africanas Comoros, a taxa sobre o lucro de uma empresa assim passa dos 100%. Como isso é possível? Carlos Iacia, líder da área de impostos da Pwc Brasil, explica: é que a metodologia do estudo coloca dentro dessa taxa final vários impostos que estão pulverizados ao longo do balanço. Os impostos sobre trabalho, por exemplo, já foram pagos quando a empresa chega ao número do seu lucro final. Mas neste caso, para harmonizar as informações, a taxa total aparece como se incidisse diretamente sobre o lucro. "É por isso que a alíquota de 34% do Brasil se torna 69%", diz Iacia. Vale lembrar que os impostos indiretos como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) não entram na conta, pois são pagos pelo consumidor final. E não é só o tamanho da carga que conta, mas também a complexidade do sistema, que obriga as empresas a terem equipes enormes para garantir o cumprimento da lei. Em tempo de compliance, o Brasil é líder mundial absoluto com 2.600 horas necessárias, mais que o dobro da Bolívia, segunda colocada com 1.025. Em número de pagamentos diferentes necessários para cumprir obrigações, não estamos tão mal. Clique nas fotos para ver os 17 países com as maiores taxas de impostos sobre as empresas:
2. 1. Comores 2 /18(MARCO LONGARI/AFP/Getty Images)
Taxa de impostos | 216,5% |
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Tempo de compliance | 100 horas |
Número de pagamentos | 33 |
3. 2. Argentina 3 /18(Luis Davilla/Getty Images)
Taxa de impostos | 137,3% |
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Tempo de compliance | 405 horas |
Número de pagamentos | 9 |
4. 3. Bolívia 4 /18(Friedman Rudovsky/Bloomberg)
Taxa de impostos | 83,7% |
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Tempo de compliance | 1.025 horas |
Número de pagamentos | 42 |
5. 4. Eritreia 5 /18(Wikimedia Commons)
Taxa de impostos | 83,7% |
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Tempo de compliance | 216 horas |
Número de pagamentos | 30 |
6. 6. Colômbia 6 /18(Getty Images)
Taxa de impostos | 75,4% |
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Tempo de compliance | 239 horas |
Número de pagamentos | 11 |
7. 7. Palau 7 /18(Gugganij/WikimediaCommons)
Taxa de impostos | 75,4% |
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Tempo de compliance | 142 horas |
Número de pagamentos | 11 |
8. 8. República Centro-Africana 8 /18(©afp.com / Sia Kambou)
Taxa de impostos | 73,3% |
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Tempo de compliance | 483 horas |
Número de pagamentos | 56 |
9. 9. Algéria 9 /18(Mouh2jijel/Wikimedia Commons)
Taxa de impostos | 72,7% |
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Tempo de compliance | 451 horas |
Número de pagamentos | 27 |
10. 10. Mauritânia 10 /18(Getty Image)
Taxa de impostos | 71,3% |
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Tempo de compliance | 734 horas |
Número de pagamentos | 49 |
11. 11. Brasil 11 /18(Germano Lüders/EXAME.com)
Taxa de impostos | 69,0% |
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Tempo de compliance | 2.600 horas |
Número de pagamentos | 9 |
12. 12. Guiné 12 /18(Wikimedia Commons/ Soman)
Taxa de impostos | 68,3% |
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Tempo de compliance | 440 horas |
Número de pagamentos | 57 |
13. 13. França 13 /18(Mike Hewitt/Getty Images)
Taxa de impostos | 66,6% |
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Tempo de compliance | 137 horas |
Número de pagamentos | 8 |
14. 14. Porto Rico 14 /18(Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Taxa de impostos | 66% |
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Tempo de compliance | 218 horas |
Número de pagamentos | 16 |
15. 15. Nicarágua 15 /18(Wikipedia)
Taxa de impostos | 65,8% |
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Tempo de compliance | 207 horas |
Número de pagamentos | 43 |
16. 16. Venezuela 16 /18(Wikimedia Commons)
Taxa de impostos | 65,5% |
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Tempo de compliance | 792 horas |
Número de pagamentos | 71 |
17. 17. Itália 17 /18(Pedro Szekely/Flickr/CreativeCommons)
Taxa de impostos | 65,5% |
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Tempo de compliance | 269 horas |
Número de pagamentos | 15 |
18 /18(Qilai Shen/Bloomberg)