2012, o ano em que a Grécia comoveu a zona do euro
As negociações do governo grego conseguiram arrancar da UE e do FMI uma extensão do prazo para reduzir o déficit e a dívida até níveis aceitáveis
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 15h17.
Atenas - Duas eleições legislativas, três governos, cinco greves gerais e uma crise que parece não ter fim fizeram com que a Grécia comovesse a zona do euro em 2012, um ano no qual o mal-estar social e a pobreza geraram um aumento do número de suicídios e a ascensão de um violento partido neonazista.
A Grécia iniciou 2012 dirigida pelo tecnocrata Lucas Papademos - sustentado no poder por uma difícil aliança de social-democratas, conservadores e ultranacionalistas - e com dois grandes objetivos: conseguir uma remissão de dívida de 100 bilhões de euros e um segundo plano de resgate com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional no valor de 130 bilhões de euros.
A raiva popular após cinco anos de recessão e cortes ficou clara no dia 12 de fevereiro, quando a manifestação contra novas medidas de austeridade terminou em violentos distúrbios nos quais cerca de 50 edifícios foram incendiados.
Semanas depois, o suicídio do aposentado Dimitris Christoulas se transformou no símbolo do desespero de um país no qual os suicídios aumentaram 37% desde que começou a crise.
Apesar da opinião contrária de seus parceiros e das instituições europeias, o líder do partido conservador Nova Democracia (ND), Antonis Samaras, forçou a convocação de eleições antecipadas por causa da vantagem que lhe era dada pelas pesquisas.
O resultado foi outro: o sistema de alternância bipartidário que tinha regido a Grécia desde 1974 veio abaixo: se em 2009 o social-democrata Pasok e o ND tinham 77% dos votos, nas eleições de maio só receberam 32%.
O Syriza, um partido de esquerda contrário à austeridade, quadruplicou seu respaldo, e com 16,76% dos votos, cresceu como segunda força política do país.
A magra vitória do ND, o afundamento dos social-democratas, a recusa do Syriza a participar de um governo que continuasse os com cortes e a divisão geral entre os partidos levou à convocação de um novo pleito para um mês depois.
Para alívio das autoridades europeias, que apoiaram sem reservas Samaras e vincularam uma vitória do Syriza com a saída do euro, as novas eleições foram vencidas pelos conservadores, que pactuaram um governo com o Pasok e os centro-esquerdistas do Dimar.
Outra consequência das eleições foi a consolidação, com 7% dos votos, do Amanhecer Dourado, um violento partido neonazista que centra seu programa na expulsão dos imigrantes e tem militantes envolvidos em surras a estrangeiros.
No governo, Samaras não só foi incapaz de renegociar as medidas de austeridade, como tinha prometido antes das eleições, mas a UE e o Fundo Monetário Internacional lhe exigiram aumentá-las, sob constantes ameaças e rumores de uma saída da Grécia do euro.
No país, acostumado a Executivos de uma só legenda, a coalizão não conseguia decolar, e o acordo sobre as novas medidas de austeridade foi postergado por meses.
Finalmente, em novembro, o Parlamento aprovou as duras medidas, por uma estreita margem, enquanto nas ruas dezenas de milhares de gregos clamavam contra a austeridade.
A ira popular era compreensível, já que o desemprego cresceu de 9% para 25,4% em três anos e vários comércios fecharam, sem que os programas de ajuste tenham servido para que fosse possível ver a luz do final da crise.
As negociações do governo grego conseguiram arrancar da UE e do FMI uma extensão do prazo para reduzir o déficit e a dívida até níveis aceitáveis, mas todas as previsões indicam que os gregos continuarão sofrendo no próximo ano.
Atenas - Duas eleições legislativas, três governos, cinco greves gerais e uma crise que parece não ter fim fizeram com que a Grécia comovesse a zona do euro em 2012, um ano no qual o mal-estar social e a pobreza geraram um aumento do número de suicídios e a ascensão de um violento partido neonazista.
A Grécia iniciou 2012 dirigida pelo tecnocrata Lucas Papademos - sustentado no poder por uma difícil aliança de social-democratas, conservadores e ultranacionalistas - e com dois grandes objetivos: conseguir uma remissão de dívida de 100 bilhões de euros e um segundo plano de resgate com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional no valor de 130 bilhões de euros.
A raiva popular após cinco anos de recessão e cortes ficou clara no dia 12 de fevereiro, quando a manifestação contra novas medidas de austeridade terminou em violentos distúrbios nos quais cerca de 50 edifícios foram incendiados.
Semanas depois, o suicídio do aposentado Dimitris Christoulas se transformou no símbolo do desespero de um país no qual os suicídios aumentaram 37% desde que começou a crise.
Apesar da opinião contrária de seus parceiros e das instituições europeias, o líder do partido conservador Nova Democracia (ND), Antonis Samaras, forçou a convocação de eleições antecipadas por causa da vantagem que lhe era dada pelas pesquisas.
O resultado foi outro: o sistema de alternância bipartidário que tinha regido a Grécia desde 1974 veio abaixo: se em 2009 o social-democrata Pasok e o ND tinham 77% dos votos, nas eleições de maio só receberam 32%.
O Syriza, um partido de esquerda contrário à austeridade, quadruplicou seu respaldo, e com 16,76% dos votos, cresceu como segunda força política do país.
A magra vitória do ND, o afundamento dos social-democratas, a recusa do Syriza a participar de um governo que continuasse os com cortes e a divisão geral entre os partidos levou à convocação de um novo pleito para um mês depois.
Para alívio das autoridades europeias, que apoiaram sem reservas Samaras e vincularam uma vitória do Syriza com a saída do euro, as novas eleições foram vencidas pelos conservadores, que pactuaram um governo com o Pasok e os centro-esquerdistas do Dimar.
Outra consequência das eleições foi a consolidação, com 7% dos votos, do Amanhecer Dourado, um violento partido neonazista que centra seu programa na expulsão dos imigrantes e tem militantes envolvidos em surras a estrangeiros.
No governo, Samaras não só foi incapaz de renegociar as medidas de austeridade, como tinha prometido antes das eleições, mas a UE e o Fundo Monetário Internacional lhe exigiram aumentá-las, sob constantes ameaças e rumores de uma saída da Grécia do euro.
No país, acostumado a Executivos de uma só legenda, a coalizão não conseguia decolar, e o acordo sobre as novas medidas de austeridade foi postergado por meses.
Finalmente, em novembro, o Parlamento aprovou as duras medidas, por uma estreita margem, enquanto nas ruas dezenas de milhares de gregos clamavam contra a austeridade.
A ira popular era compreensível, já que o desemprego cresceu de 9% para 25,4% em três anos e vários comércios fecharam, sem que os programas de ajuste tenham servido para que fosse possível ver a luz do final da crise.
As negociações do governo grego conseguiram arrancar da UE e do FMI uma extensão do prazo para reduzir o déficit e a dívida até níveis aceitáveis, mas todas as previsões indicam que os gregos continuarão sofrendo no próximo ano.