São Paulo - O crescimento global vai continuar modesto, mas não suponha que será assim para sempre.
O que vai definir seu destino será a política, de acordo com artigo publicado hoje no Business Insider por Mohamed A. El-Erian .
Ele já foi presidente-executivo da PIMCO, uma das maiores companhias de investimento do mundo, e hoje é o principal assessor econômico da Allianz.
Veja as 10 coisas que ele diz que você deve ficar de olho na economia global:
1. O crescimento global vai continuar modesto e desnivelado
De acordo com o último relatório da PIMCO, há uma desaceleração global em curso, com previsão de crescimento entre 2% e 2,5% em 2016 após 2,8% em 2014 e 2,6% em 2015.
2. Os Estados Unidos vão continuar superando seus pares
A Europa enfrenta uma série de incertezas ligadas a crise dos refugiados, a possível saída do Reino Unido da União Europeia e a crise sem fim da dívida da Grécia.
Na comparação, os Estados Unidos estão relativamente fortes e cresceram 2,4% em 2015. O número desacelerou no quarto trimestre, mas não tanto quanto estimado anteriormente, puxado por fortes gastos dos consumidores.
3. O crescimento nos mercados emergentes vai continuar na luta
2015 foi o pior ano para o crescimento dos emergentes desde a crise de 2008/2009 e não há perspectiva de uma recuperação vigorosa.
A situação é especialmente grave em países com dificuldades domésticas próprias: um deles é a Rússia, mas o pior caso entre os grandes é o do Brasil, que deve ter a segunda contração anual seguida na casa dos 3,5% - 4%.
4. A desigualdade continuará uma questão
A ascensão de Bernie Sanders dentro do Partido Democrata pode não resultar em sua indicação para presidente, mas mostra como o tema da desigualdade, muito tempo relegada às margens do debate, voltou para o centro da política.
Uma das razões é o próprio aumento do fosso entre ricos e pobres, que traz consigo atenção da mídia e o surgimento de estudos que mostram como a desigualdade excessiva prejudica a economia e o crescimento como um todo.
5. Os bancos centrais vão estender seu pedal de liquidez
"Os bancos centrais já não podem mais transformar 'água em vinho'", resumiu um relatório recente do Bank of America Merril Lynch.
Ninguém duvida da disposição deles de sustentar o crescimento, e sim de qual arsenal eles dispõe após anos de expansão monetária e juros no chão. Segundo El-Erian, isso vai continuar - na medida do possível.
6. Cuidado ao supor que o crescimento baixo vai persistir
"Já tendo persistido por tanto tempo, a tentação é supor que o equilíbrio de baixo crescimento pode continuar para muito além de 2016. Tenha cuidado ao fazer isso", diz El-Erian.
7. As pressões do ambiente de baixo crescimento são aparentes
As inovações de políticas dos últimos anos com o objetivo de sustentar o crescimento muitas vezes tem consequências tardias, mas importantes.
No Japão e na Europa, por exemplo, o movimento em direção a taxas de juros negativas levanta dúvidas sobre a lucratividade dos bancos.
8. O crescimento global vai pender para um de dois lados nos próximos 3 anos
"Esse período incomum de baixo crescimento ('o novo normal') vai se desviar ou para recessões danosas e instabilidade financeira ou vai fazer a transição para crescimento alto e inclusivo que também entrega estabilidade financeira genuína", diz El-Erian.
9. A política vai decidir para que lado o crescimento global vai
Não é só no Brasil que a movimentação política se tornou central para prever a trajetória do crescimento e de outros índices.
Na medida em que a atuação dos bancos centrais traz retornos decrescentes, a expectativa é que os governos tentem novas soluções - como aumento do gasto fiscal (com programas de infraestrutura, por exemplo) ou grandes reformas.
10. Não precisamos de um grande impulso de políticas. Um pequeno é suficiente.
As empresas estão sentando em reservas imensas de recursos e a inovação tecnológica continua. Os recursos estão disponíveis - só é preciso que eles sejam colocados em movimento.
São Paulo - Incertezas com a
China , mercados nervosos e petróleo em queda livre: este início de 2016 não tem sido fácil. Mas há quem ganhe com a volatilidade. Um exemplo é o 36 South, fundo de hedge londrino, que usa a complacência a seu favor comprando proteções contra riscos na alta e depois vendendo no auge das quebras. A estratégia rendeu 234% após o colapso do Lehman Brothers em 2008 e pode funcionar também agora - se tudo der errado, é claro. É no que aposta Anthony Limbrick, um de seus gerentes de portfólio.
Em entrevista ao Business Insider, ele diz que o mercado está confiando demais na habilidade dos bancos centrais de estabilizarem a situação quando na verdade eles estão sem cartas na manga. "Gosto de usar a analogia de que o paciente econômico está tomado pelo câncer - os bancos centrais estão aplicando um desfilibrador, mas há um limite para quanta eletricidade um paciente pode tomar antes de virar um corpo queimado". Ele também listou "os 4 cavaleiros do apocalipse econômico" que na sua opinião vão prejudicar a economia e limitar a atuação das autoridades nos próximos anos. Veja quais são eles:
2. Envelhecimento 2 /6(Thinkstock)
As pessoas estão tendo menos filhos e vivendo mais e melhor: um fenômeno antes reservado aos países desenvolvidos mas que já avança rapidamente também nos emergentes. É uma boa notícia, mas que cria novos desafios para a economia. Em 2020, 20% da população dos países ricos já terá mais do que 65 anos. Em 2050, o número de pessoas com mais de 85 deve ser 4 vezes maior e a quantidade de casos de demência deve triplicar. De onde virão os recursos para pagar aposentadorias e custear a saúde? Dos BRICS, a Índia é o único que ainda pode contar com o chamado bônus demográfico - quando a população economicamente ativa ainda é mais de duas vezes maior do que a de dependentes. Na China, este foi um dos motivos para o
fim da política de filho único. No Brasil, a Previdência é a principal ameaça fiscal de longo prazo: "Estamos num país onde as pessoas literalmente morrem nos hospitais porque o gasto com saúde está sendo cortado e tem gente se aposentando com 50 anos. É um absurdo completo, um país que comete suicídio em slow motion", disse o economista Fábio Giambiagi em
entrevista recente para EXAME.com.
3. Disrupção tecnológica 3 /6(Getty Images)
A tecnologia alimenta a inovação, ajuda na produtividade e facilita a nossa vida - mas também tem implicações econômicas perturbadoras. De acordo com um relatório do HSBC Global Research, a inflação baixa demais em países como a Suécia
pode ser explicada em parte pela melhora da competição e do acesso à informação promovidas pela tecnologia. Outro grande debate é sobre o
impacto da robótica sobre o nível de emprego. Mais da metade das vagas na União Europeia está em risco, de acordo com o Bruegel. O número é parecido nos Estados Unidos, segundo a Universidade de Oxford. Empresas como WhatsApp geram receita e valor de mercado com muito menos necessidade de investimento e de funcionários do que as grandes empresas do passado, ajudando a puxar para baixo o nível "natural" dos juros e limitando a atuação dos bancos centrais.
4. Dívida massiva 4 /6(Thinkstock)
Depois da crise de 2008, havia uma expectativa de que a alavancagem pudesse diminuir e empurrar as
dívidas para baixo. Não foi o que aconteceu. Desde 2007, a dívida global cresceu US$ 57 trilhões, ou 17 pontos percentuais em relação ao PIB. Em países como Japão, a dívida total chega a representar 4 vezes o tamanho da própria economia. A China, por exemplo, tem hoje uma dívida de US$ 28 trilhões entre governo, famílias e empresas. Com uma explosão de crédito para sustentar o crescimento no pós-crise financeira, a taxa passou de 170% do PIB em 2008 para 235% do PIB hoje. Não existe nenhum número seguro ou ideal para a dívida: tudo depende do perfil e da trajetória. No fundo, o problema é que ela não parece estar contribuindo para economias mais sólidas e produtivas - e, portanto, não é sustentável.
5. Mercado de trabalho globalizado 5 /6(Jerome Favre/Bloomberg)
A Europa envelhece e precisa de jovens. Ao mesmo tempo, sofre com o desemprego. Neste ínterim, recebe centenas de milhares de imigrantes. Eles geram tensões políticas e sociais, mas têm seu
potencial apontado por estudos de economistas. Milhões de chineses saem da pobreza e mexem globalmente na demanda tanto por empregos quanto por trabalhadores. Enquanto isso, a tecnologia muda radicalmente as formas de produção. Parece confuso? Pois é. Bem-vindo ao mercado de trabalho do século XXI. O desemprego e o subemprego são vistos hoje como o maior risco para os negócios em 41 países e estão no top 5 em 92 países, de acordo com o
último relatório do Fórum Econômico Mundial. "Países com excedente de trabalho e crescimento persistentemente fraco ou inexistente enfrentam uma perspectiva sombria na medida em que estes excedentes ameaçam fugir do controle", diz
um relatório do BCG.
6 /6(Albert Gea/Reuters)