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Fabio Coelho: 10 lições de uma década na liderança do Google Brasil

Em artigo exclusivo, o presidente do Google no Brasil faz uma reflexão sobre os dez anos à frente da empresa de tecnologia no país

Fabio Coelho: "Para evoluir seu negócio, é preciso de muito mais do que um time engajado" (Google/Divulgação)
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Publicado em 2 de abril de 2021 às 08h01.

Em março deste ano, completei uma década no comando do Google no Brasil. Desde que cheguei por aqui, muita coisa mudou, mas a imagem do primeiro escritório, ainda pequeno e com apenas alguns computadores de mesa, está gravada em minha cabeça. Hoje, temos uma equipe com mais de 1.200 pessoas que estão trabalhando de casa há mais de um ano por causa da pandemia.

Nesses dez anos, o Brasil se tornou um dos mercados mais relevantes para o Google no mundo, a despeito de todos os desafios locais. Nossos produtos fazem parte da vida e do cotidiano de milhões de brasileiros -- seja para ver receitas novas durante a quarentena ou para encontrar informações de qualidade sobre vacinas, apenas para citar alguns exemplos recentes.

Refletindo sobre tantas mudanças, compartilho os dez principais aprendizados da última década e as lições de liderança que impactam minha carreira e meu dia a dia.

1) Filtre os excessos

Vivemos em uma sociedade de grande abundância de fatos, acontecimentos e informações, o que muitas vezes pode gerar o chamado “ FOMO ” (medo de ficar de fora, em tradução livre, ou fear of missing out, em inglês). Controlar essa ansiedade e desenvolver capacidade de síntese, escolhendo fontes confiáveis e o que realmente é útil para o seu dia é fundamental para se manter produtivo e presente, assim como não permitir que esse enorme volume de acontecimentos externos  paralise você na tomada de decisões.

 

2) Desenvolva um ambiente confiável

Para evoluir seu negócio, é preciso de muito mais do que um time engajado. É preciso gerar um cenário de confiança em que pessoas extremamente capacitadas sejam capazes de desempenhar seus papéis de maneira independente, em um equilíbrio essencial que não sobrecarregue nenhum dos lados dessa delicada equação, seja dentro ou fora da empresa.

3) Invista na transformação do seu cliente

Os relacionamentos comerciais são o combustível de qualquer empresa e eles não podem se resumir a assinaturas de contrato e planos de ação. Essas relações precisam estar amparadas de forma estratégica, com uma visão de três a cinco anos, que considere onde o cliente quer estar quando atingir seus objetivos e como você pode ajudá-lo a chegar lá.

4) Tenha ambição para crescer

É senso comum que todos querem crescer e desenvolver suas carreiras, mas a diferença entre o desejo e a execução passa pela visão ambiciosa sobre o negócio. É a ambição que permite criar oportunidades que fazem crescer não apenas o indivíduo com seu projeto pessoal, mas o grupo como um todo.

5) Promova a diversidade

O conceito de uma empresa diversa, equânime e inclusiva é muito mais complexo e amplo do que imaginávamos anos atrás. A execução da estratégia de diversidade deve ser ampla, considerando não apenas etnias, gêneros e perspectivas, mas também diversidade cognitiva, de estilos e tudo o que isso embarca. Em última análise, são pessoas diferentes que formam a base de uma empresa saudável.

6) Seja grato

Uma das principais coisas que aprendi no Google é que devemos sempre agradecer e valorizar as pessoas. Na pandemia, ter isso como valor deixou mais evidente a necessidade de demonstrar nossa gratidão e atenção com nossos colegas. Para mim, é um benefício tão importante quanto todos os outros reconhecimentos materiais disponíveis.

7) Esteja disponível

A agenda é desafiadora, mas vivo em uma tentativa permanente de estar disponível, tanto para o público interno como o externo, para entender necessidades e demandas vindas das mais diversas fontes. Estar presente é um exercício ímpar para um líder, pois para ter repertório também é preciso ouvir e praticar essa troca constante.

8) Abrace o caos

Em uma empresa como o Google, um dos primeiros ensinamentos que tive foi abraçar a amplitude de diferentes opiniões e abordagens. Sou uma pessoa muito objetiva, mas conclusões rápidas frequentemente ficam incompletas. Enriquecer o processo de criação passa por exercitar a escuta de diversos “ruídos” e ter a habilidade de sintetizar o melhor do que foi dito. É o que chamo de caos produtivo.

9) Não tenha grandes certezas

O rápido desenvolvimento da tecnologia pede que as pessoas se reinventem, afinal são ciclos curtos em constante evolução. Para se manter relevante, esteja aberto a aprender sem vaidades e grandes certezas, já que o que funcionou ontem não necessariamente funciona para o dia de amanhã.

10) Adapte-se

Processos são importantes, mas ser resiliente anda de braços dados com a precisão. Vivi 14 anos nos Estados Unidos e, somando essa experiência com minha cultura brasileira, aprendi a importância da eficiência com escala ligada à volatilidade. É a cultura do “E”, ou seja, não é um cenário de “ou”, escolher entre um e outro modelo, mas sim somar e agregar para atingir o melhor resultado.

Certamente aprendi muito mais do que ensinei durante esse período de dez anos. Acredito que melhorei e agradeço por isso. Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma participaram dessa caminhada e me tornaram não apenas um profissional melhor, mas mais importante, uma pessoa melhor; melhor marido, pai, filho, amigo e colega. Com todas as transformações que estamos vivendo, cada vez mais aceleradas, mal posso esperar pela próxima década.

*Fabio Coelhoé presidente do Google no Brasil

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Em março deste ano, completei uma década no comando do Google no Brasil. Desde que cheguei por aqui, muita coisa mudou, mas a imagem do primeiro escritório, ainda pequeno e com apenas alguns computadores de mesa, está gravada em minha cabeça. Hoje, temos uma equipe com mais de 1.200 pessoas que estão trabalhando de casa há mais de um ano por causa da pandemia.

Nesses dez anos, o Brasil se tornou um dos mercados mais relevantes para o Google no mundo, a despeito de todos os desafios locais. Nossos produtos fazem parte da vida e do cotidiano de milhões de brasileiros -- seja para ver receitas novas durante a quarentena ou para encontrar informações de qualidade sobre vacinas, apenas para citar alguns exemplos recentes.

Refletindo sobre tantas mudanças, compartilho os dez principais aprendizados da última década e as lições de liderança que impactam minha carreira e meu dia a dia.

1) Filtre os excessos

Vivemos em uma sociedade de grande abundância de fatos, acontecimentos e informações, o que muitas vezes pode gerar o chamado “ FOMO ” (medo de ficar de fora, em tradução livre, ou fear of missing out, em inglês). Controlar essa ansiedade e desenvolver capacidade de síntese, escolhendo fontes confiáveis e o que realmente é útil para o seu dia é fundamental para se manter produtivo e presente, assim como não permitir que esse enorme volume de acontecimentos externos  paralise você na tomada de decisões.

 

2) Desenvolva um ambiente confiável

Para evoluir seu negócio, é preciso de muito mais do que um time engajado. É preciso gerar um cenário de confiança em que pessoas extremamente capacitadas sejam capazes de desempenhar seus papéis de maneira independente, em um equilíbrio essencial que não sobrecarregue nenhum dos lados dessa delicada equação, seja dentro ou fora da empresa.

3) Invista na transformação do seu cliente

Os relacionamentos comerciais são o combustível de qualquer empresa e eles não podem se resumir a assinaturas de contrato e planos de ação. Essas relações precisam estar amparadas de forma estratégica, com uma visão de três a cinco anos, que considere onde o cliente quer estar quando atingir seus objetivos e como você pode ajudá-lo a chegar lá.

4) Tenha ambição para crescer

É senso comum que todos querem crescer e desenvolver suas carreiras, mas a diferença entre o desejo e a execução passa pela visão ambiciosa sobre o negócio. É a ambição que permite criar oportunidades que fazem crescer não apenas o indivíduo com seu projeto pessoal, mas o grupo como um todo.

5) Promova a diversidade

O conceito de uma empresa diversa, equânime e inclusiva é muito mais complexo e amplo do que imaginávamos anos atrás. A execução da estratégia de diversidade deve ser ampla, considerando não apenas etnias, gêneros e perspectivas, mas também diversidade cognitiva, de estilos e tudo o que isso embarca. Em última análise, são pessoas diferentes que formam a base de uma empresa saudável.

6) Seja grato

Uma das principais coisas que aprendi no Google é que devemos sempre agradecer e valorizar as pessoas. Na pandemia, ter isso como valor deixou mais evidente a necessidade de demonstrar nossa gratidão e atenção com nossos colegas. Para mim, é um benefício tão importante quanto todos os outros reconhecimentos materiais disponíveis.

7) Esteja disponível

A agenda é desafiadora, mas vivo em uma tentativa permanente de estar disponível, tanto para o público interno como o externo, para entender necessidades e demandas vindas das mais diversas fontes. Estar presente é um exercício ímpar para um líder, pois para ter repertório também é preciso ouvir e praticar essa troca constante.

8) Abrace o caos

Em uma empresa como o Google, um dos primeiros ensinamentos que tive foi abraçar a amplitude de diferentes opiniões e abordagens. Sou uma pessoa muito objetiva, mas conclusões rápidas frequentemente ficam incompletas. Enriquecer o processo de criação passa por exercitar a escuta de diversos “ruídos” e ter a habilidade de sintetizar o melhor do que foi dito. É o que chamo de caos produtivo.

9) Não tenha grandes certezas

O rápido desenvolvimento da tecnologia pede que as pessoas se reinventem, afinal são ciclos curtos em constante evolução. Para se manter relevante, esteja aberto a aprender sem vaidades e grandes certezas, já que o que funcionou ontem não necessariamente funciona para o dia de amanhã.

10) Adapte-se

Processos são importantes, mas ser resiliente anda de braços dados com a precisão. Vivi 14 anos nos Estados Unidos e, somando essa experiência com minha cultura brasileira, aprendi a importância da eficiência com escala ligada à volatilidade. É a cultura do “E”, ou seja, não é um cenário de “ou”, escolher entre um e outro modelo, mas sim somar e agregar para atingir o melhor resultado.

Certamente aprendi muito mais do que ensinei durante esse período de dez anos. Acredito que melhorei e agradeço por isso. Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma participaram dessa caminhada e me tornaram não apenas um profissional melhor, mas mais importante, uma pessoa melhor; melhor marido, pai, filho, amigo e colega. Com todas as transformações que estamos vivendo, cada vez mais aceleradas, mal posso esperar pela próxima década.

*Fabio Coelhoé presidente do Google no Brasil

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