Ciência

Urso-polar pode ser extinto até 2100 por mudança climática, diz estudo

Se as emissões de gases de efeito estufa seguirem o ritmo atual, a queda da reprodução colocará em risco a permanência da espécie em menos de 80 anos

Ursos-polares: derretimento do gelo é um desafio especial para as fêmeas (AFP/Reprodução)

Ursos-polares: derretimento do gelo é um desafio especial para as fêmeas (AFP/Reprodução)

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AFP

Publicado em 20 de julho de 2020 às 15h45.

Última atualização em 20 de julho de 2020 às 18h47.

A mudança climática pode causar a quase extinção de ursos-polares antes do final do século, incapacitando estes animais de se alimentarem quando as calotas de gelo desaparecerem no oceano, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira, 20, pela Nature Climate Change. 

Se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no mesma ritmo de hoje, "o declínio na reprodução e sobrevivência comprometerá a permanência de quase todas as subpopulações até 2100", segundo os pesquisadores, que enfatizam que, mesmo no cenário mais favorável, a extinção desses mamíferos seria apenas adiada.

Em um estudo publicado nesta segunda-feira na Nature Climate Change, os pesquisadores analisaram o desaparecimento progressivo de seu habitat, as calotas de gelo onde caçam as focas essenciais para sua alimentação.

Animal carnívoro, que vive em regiões árticas onde a temperatura pode cair para -40° C no inverno, é capaz de jejuar por meses.

Com o aquecimento global, duas vezes mais rápido no Ártico, o degelo dura cada vez mais tempo.

Incapazes de encontrar outros alimentos tão ricos quanto as focas em seu ambiente, ursos famintos se aventuram longe de seu território, perto de áreas habitadas.

O derretimento do gelo é um desafio especial para as fêmeas, que entram em seus abrigos no outono para dar à luz no inverno, de onde saem somente na primavera com seus filhotes.

"Eles precisam caçar focas suficientes para poupar gordura e produzir o leite necessário para alimentar os pequenos", disse à AFP Steven Amstrup, um dos autores do estudo e principal cientista da ONG Polar Bears International.

"Estimamos o peso máximo e mínimo dos ursos além de seu gasto de energia, então calculamos o número máximo de dias de jejum que um urso-polar pode suportar antes que a taxa de sobrevivência de adultos e filhotes comece a declinar", acrescenta Peter Molnar, da Universidade de Toronto.

Um macho da subpopulação de Hudson Bay, com peso 20% abaixo do normal no início do jejum, sobreviverá apenas 125 dias, em vez de 200 no peso normal.

Os cerca de 25.000 ursos-polares estão divididos por 19 subpopulações distintas no Canadá, Alasca, Sibéria, Ilha Svalbard e Groenlândia.

Segundo o estudo, esses grupos não serão afetados na mesma proporção. 

Mesmo se o aquecimento fosse limitado a 2,4° C em relação à era pré-industrial, isso "não garantiria salvar os ursos-polares no longo prazo", acrescenta ele.

Em todo o planeta, a temperatura aumentou 1° C desde a era pré-industrial.

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