(Andriy Onufriyenko/Getty Images for National Geographic Magazine)
André Martins
Publicado em 17 de março de 2021 às 17h51.
Última atualização em 17 de março de 2021 às 17h55.
Qual a relação das vibrações de um ultrassom e os coronavírus? Um novo estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Engenharia Mecânica do MIT sugere que o exame de imagem pode ajudar no combate ao novo coronavírus.
Segundo os pesquisadores do MIT, os coronavírus podem ser vulneráveis às vibrações de ultrassom, nas frequências usadas em imagens de diagnóstico médico.
Os resultados do estudo foram publicados no Journal of the Mechanics and Physics of Solids. Os autores são Tomasz Wierzbicki, Wei Li, Yuming Liu e Juner Zhu do MIT.
A partir de estudos anteriores, os cientistas mapearam a estrutura da família do coronavírus, incluindo a SARS-CoV-2. Esta estrutura consiste em uma casca lisa de proteínas lipídicas e receptores densamente compactados, que lembram uma coroa espinhosa.
Através de simulações de computador, a equipe modelou a resposta mecânica do vírus às vibrações em uma gama de frequências de ultrassom. Eles descobriram que vibrações entre 25 e 100 megahertz acionaram a casca e os picos do vírus para entrar em colapso e começar a se romper em uma fração de milissegundo. Esse efeito foi observado em simulações do vírus no ar e na água.
Os resultados são preliminares e baseados em dados limitados sobre as propriedades físicas do vírus. No entanto, os pesquisadores dizem que suas descobertas são um primeiro indício de um possível tratamento baseado em ultrassom para coronavírus, incluindo o novo vírus SARS-CoV-2.
“Provamos que sob a excitação de ultrassom a casca e os picos do coronavírus vibrarão, e a amplitude dessa vibração será muito grande, produzindo cepas que podem quebrar certas partes do vírus, causando danos visíveis à casca externa e possivelmente danos invisíveis para o RNA interno”, diz Tomasz Wierzbicki, professor de mecânica aplicada do MIT. “A esperança é que nosso artigo inicie uma discussão em várias disciplinas.”
Se o ultrassom puder ser experimentalmente comprovado como eficaz para danificar o coronavírus, e se for possível demonstrar que esse dano tem um efeito terapêutico, a equipe prevê que o ultrassom, que já é usado para quebrar pedras nos rins, pode ser aproveitado para tratar e possivelmente prevenir a infecção por coronavírus.
Wierzbicki enfatiza que há muito mais pesquisas a serem feitas para confirmar se o ultrassom pode ser um tratamento eficaz e uma estratégia de prevenção contra os coronavírus.
“Observamos a família geral do coronavírus e agora estamos examinando especificamente a morfologia e a geometria do covid-19”, diz Wierzbicki. “O potencial é algo que pode ser grande na atual situação crítica.”
Como exatamente o ultrassom poderia ser administrado, e quão eficaz seria para danificar o vírus na complexidade do corpo humano, estão entre as principais questões que os cientistas terão que enfrentar no futuro.