Ciência

Terra em transe: Julho "reescreveu a história climática global", diz ONU

Dados preliminares da Organização Meteorológica Mundial indicam que o mês de julho foi potencialmente o mais quente da história. E tem mão do homem nisso

Mudanças climáticas:  ONU espera que 2019 figure entre os cinco anos mais quentes. (Tim Robberts/Getty Images)

Mudanças climáticas: ONU espera que 2019 figure entre os cinco anos mais quentes. (Tim Robberts/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 12h07.

Última atualização em 2 de agosto de 2019 às 12h08.

São Paulo - A espécie humana atravessou o que pode ter sido o mês mais quente da história, segundo dados preliminares da Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço da ONU para o clima. O anúncio foi feito nesta semana na esteira de ondas de calor implacáveis que castigaram a Europa nos últimos dias.

Tudo indica que o mês de julho "pelo menos igualou, se não superou o mês mais quente de todos os tempos", informou a OMM em parceria com o Programa Copernicus Climate Change. O recorde anterior foi registrado no mês de julho de 2016, quando a média das temperaturas terrestres e oceânicas foi de 0,87 graus Celsius acima da média do século XX.

Ao contrário de 2016, porém, o mês passado não foi marcado por um forte El Niño, fenômeno que contribui para o aumento das temperaturas globais. "As temperaturas foram muito, muito quentes, devido à mudança climática", avaliou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Por essa razão, julho está sendo considerado o mês que "reescreveu a história climática mundial". O balanço final será divulgado na próxima segunda (5).

Até o final do ano, devemos bater mais um recorde. A ONU espera que 2019 figure entre os cinco anos mais quentes já registrados. Neste ano, recordes de temperatura foram registrados em várias partes do mundo, de Nova Déli à Paris, de Santiago ao Círculo Polar Ártico.

"Precisamos tomar medidas sobre a mudança climática agora, esses eventos climáticos extremos são apenas a ponta do iceberg. E o iceberg também está derretendo rapidamente”, disse Guterres.

O calor "infernal" mata milhares de pessoas todos os anos e frequentemente desencadeia eventos secundários violentos, como incêndios florestais,  falhas nas redes elétricas e pressão sobre os serviços hídricos. A urbanização agrava o problema. A insolação, desidratação, doenças cardiovasculares e outras relacionadas com a temperatura são os principais riscos para a saúde.

Segundo especialistas, as ondas de calor são consistentes com as previsões científicas sobre o aquecimento do Planeta provocado pelo homem. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), mais importante fonte científica de estudos sobre clima do mundo, as temperaturas globais devem subir 1,5ºC entre 2030 e 2052, se o aquecimento global continuar em ritmo acelerado.

Emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa associados à geração de energia, desmatamento e outras atividades humanas, são os principais responsáveis ​​pela mudança climática, segundo consenso científico. A frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos e desastres naturais provavelmente aumentarão ano após ano até que o mundo tome medidas significativas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Acompanhe tudo sobre:CalorClimaMeio ambienteMudanças climáticas

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus