Ciência

Sem notícias sobre Opportunity, Nasa torce para que robô "ligue para casa"

Com pouca bateria, os cientistas não sabem se o robô, que está em Marte desde 2004, conseguirá iniciar automaticamente os procedimentos de recuperação

Opportunity: por conta de uma tempestade de areia, que obscureceu o Sol em Marte, o robô regista seu nível mais baixo de bateria (NASA/Reprodução)

Opportunity: por conta de uma tempestade de areia, que obscureceu o Sol em Marte, o robô regista seu nível mais baixo de bateria (NASA/Reprodução)

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EFE

Publicado em 4 de setembro de 2018 às 11h39.

Madri - Nada se sabe do veículo explorador geológico Opportunity, apenas que suas baterias estão nos níveis mais baixos já registrados devido a uma grande tempestade de areia que obscureceu o Sol em Marte. A situação parece estar voltando ao normal no planeta vermelho e, embora não haja garantias, a Nasa espera que o robô acorde em até 45 dias.

O Opportunity ficou incomunicável no dia 10 de junho no 'Vale da Perseverança' de Marte, mas os cientistas da Nasa acreditam que logo o céu estará limpo o suficiente para que o rover recarregue as baterias solares e tente "ligar para casa".

A dúvida é se o veículo, que está no planeta vermelho desde janeiro de 2004, conseguirá iniciar automaticamente os procedimentos de recuperação.

A equipe na Terra desenvolveu um plano de dois passos para ter "a mais alta probabilidade" de retomar a comunicação para que o robô volte a permanecer on-line, segundo a Nasa.

Por enquanto, a opacidade atmosférica (TAU) é de 1,7, mas a medição chegou a um recorde de 10 no pior momento da tempestade. A expectativa é que o nível esteja abaixo de 1,5 nas próximas semanas.

Nesse momento, os especialistas começarão um período de "tentativa ativa" de comunicação com o robô. Para isso serão enviadas ordens através das antenas da Rede de Espaço Profundo (Deep Space Network) da Nasa, segundo as explicações no site do gerente de projetos do Opportunity no Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena, em Califórnia, John Callas.

Ninguém sabe ainda em que estado se encontra o rover, que passou por "uma escura, perpétua noite", disse Callas ao descrever a tempestade em junho.

A enorme nuvem de poeira colocou Opportunity em modo de economia de energia, que suspende a maioria de suas funções, mas deve manter quentes as baterias para que possam sobreviver ao gélido ambiente de Marte.

O período de escuta ativa para qualquer comunicação do rover será mantido por 45 dias. Se o silêncio continuar após esse período, "a equipe será forçada a concluir que a poeira que bloqueou a luz solar e o frio marciano conspiraram para originar algum tipo de falha da qual é muito provável que Opportunity não se recupere", comentou o engenheiro no site da Nasa.

Caso isso ocorra, os especialistas manterão "durante vários meses" uma segunda fase de "escuta passiva". Embora "improvável", é possível que algum fenômeno meteorológico limpe a poeira sobre os painéis da máquina, o que resolveria a situação caso esse seja o problema.

Um dos responsáveis pela direção de missões científicas da Nasa, Thomas Zurbuchen, esclareceu no Twitter que mesmo se a agência não receber sinais de "Oppy" - como o rover é carinhosamente chamado - após 45 dias, a Nasa "não cancelará os esforços de recuperação" e revisará a situação com a opinião dos especialistas.

"Oppy, continuamos escutando e trabalhando ativamente para te recuperar. Por favor, ligue para casa. Todos nós na Nasa te apoiamos", escreveu Zurbuchen para o rover nas redes sociais.

A situação é incerta, mas a equipe é "cautelosamente otimista". Ao longo dos quase 15 anos de serviços em Marte, Opportunity sabe bem o que é superar problemas. O rover perdeu o uso da direção dianteira direita em 2005 e da esquerda em 2017, e sua memória flash de 256 megabytes não funciona mais.

Além disso, seus componentes foram muito além do período de garantia estimado. O Opportunity foi construído para uma missão de 90 dias e para caminhar não mais que um quilômetro, mas já percorreu 45. Tudo isso com o objetivo de buscar respostas para a história da água em Marte.

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