'Sapo Lula': com 8 milímetros e cor laranja viva, espécie de sapo recebe nome em homenagem ao presidente brasileiro
Redação Exame
Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 12h40.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu uma homenagem curiosa na quarta-feira, 10.
Uma nova espécie de sapo-microscópico, com apenas oito milímetros e coloração laranja viva, foi descrita na Serra do Quiriri, no nordeste de Santa Catarina. O estudo, divulgado na revista PLOS ONE, foi realizado por uma equipe de pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
O animal recebeu o nome Brachycephalus lulai, em homenagem ao presidente.
"Resolvemos homenagear o presidente, porque durante os seus governos foram criadas mais unidades de conservação no Brasil do que em qualquer outro momento. E proteção é tudo o que a Serra do Quiriri precisa" afirma um dos autores do estudo, o biólogo Luiz Fernando Ribeiro, ao Globo.
A nova espécie pertence ao grupo Brachycephalus, formado por sapos tão pequenos que cabem na ponta do dedo. Eles vivem escondidos na serrapilheira, a camada de folhas secas que se acumula no chão da floresta.
São ativos durante o dia e costumam ser detectados mais pelo canto agudo dos machos do que pela aparência. Devido ao tamanho, ver um desses sapinhos é tarefa difícil.
A espécie foi encontrada em áreas de serra, entre 435 e 990 metros de altitude, em um trecho preservado de Mata Atlântica.
Ali o clima é úmido e frio, com chuvas intensas ao longo do ano. Os pesquisadores descobriram o sapo justamente por causa de seu canto, que foi gravado e analisado em laboratório para confirmar que se tratava de um animal diferente dos já conhecidos.
Os cientistas realizaram uma análise detalhada dos exemplares coletados. Isso envolveu medições do corpo, observação da textura da pele e a comparação do canto com o de outras espécies.
Estudo dos animais: imagem mostra variação na coloração dos parátipos de Brachycephalus lulai sp. nov. A primeira e a terceira coluna mostram os espécimes em vista dorsal, respectivamente vivos e preservados. ( Luiz F. Ribeiro/Reprodução)
Eles também fizeram tomografias computadorizadas, uma técnica que tira “fotos em 3D” do interior do corpo, permitindo ver ossos e estruturas internas sem danificar o animal. Além disso, análises de DNA ajudaram a posicionar o Brachycephalus lulai na “árvore genealógica” do grupo.
O exemplar principal, chamado holótipo, foi coletado em 2016 no Pico Garuva. Outros indivíduos foram encontrados na mesma região. Todos foram depositados no Museu de História Natural Capão da Imbuia, em Curitiba.
Espécies desse gênero costumam viver apenas em áreas muito pequenas e isoladas nas serras.
Isso as torna frágeis: qualquer desmatamento, queimada ou perda de habitat pode ameaçar a sobrevivência do grupo inteiro. O estudo alerta para o risco de extinção e defende a criação de novas áreas protegidas na Serra do Quiriri.
O nome em homenagem a Lula foi registrado oficialmente no sistema internacional ZooBank.
Segundo os autores, trata-se de um reconhecimento simbólico da importância de políticas ambientais para preservar a Mata Atlântica, único lugar do mundo onde o sapinho laranja pode ser encontrado.