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Saída dos EUA do Acordo de Paris pode elevar temperatura em 0,3°C

Estimativa foi apontada como o "pior dos casos" por um especialista da Organização Mundial da Meteorologia (OMM)

Acordo de Paris: será preciso pelo menos três anos para entender e quantificar o impacto exato desta ação (foto/Getty Images)
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EFE

Publicado em 2 de junho de 2017 às 09h22.

Genebra - A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris provocará, no pior dos casos, um aumento adicional de 0,3 graus centígrados no aquecimento global até o final do século em comparação com os níveis pré-industriais, apontou nesta sexta-feira um especialista da Organização Mundial da Meteorologia (OMM).

"Não criamos novos modelos, mas as indicações são que (o impacto no aquecimento global) poderia ter no pior cenário um aumento de 0,3 graus centígrados", apontou em coletiva de imprensa o diretor do Departamento de Pesquisa Atmosférica e Meio ambiental da OMM, Deon Terblanche.

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"Provavelmente não será o que vai ocorrer", apontou este especialista em clima.

Terblanche explicou que inclusive uma redução nas emissões "não levará a uma diminuição da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, porque isto tem um efeito acumulativo e o CO2 permanece na atmosfera durante centenas de anos".

"A temperatura seguirá aumentando em qualquer caso, de modo que teríamos 0,3 graus adicionais no aquecimento devido à retirada dos EUA", indicou.

Com a negativa dos EUA ao principal instrumento mundial de luta contra a mudança climática, que marca como objetivo evitar que o aquecimento global supere 2 graus no final deste século com relação aos níveis pré-industriais, entre novas metas, será preciso pelo menos três anos para entender e quantificar o impacto exato desta ação, disse.

No acordo, adotado por 195 países em Paris em 2015 e que hoje já está em vigor com a ratificação de 147 estados, incluído os EUA, Washington se comprometia a reduzir para 2025 as emissões de gases de efeito estufa entre 26% e 28% com relação aos níveis de 2005.

O porta-voz do Grupo Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC), Jonathan Lynn, disse por sua vez que "não se sabe qual será a tendência das emissões americanas como resultado desta decisão e há muitos fatores que influenciarão".

"É bastante possível que as emissões americanas continuem caindo, o país estando ou não no Acordo, por exemplo. Há muitas incertezas em torno do "anúncio de ontem do presidente dos EUA, Donald Trump", sublinhou.

"Não está claro neste momento como a retirada dos EUA do Acordo de Paris afetará as emissões", apontou o IPPC, cujo porta-voz disse que em qualquer caso a evidência científica "é clara" e o clima "está mudando devido à atividade humana".

"Sem esforços adicionais, além dos que já existem, no final do século XXI haverá riscos muito altos de impactos irreversíveis graves e estendidos", segundo o porta-voz.

O ICC considera que a ciência é "mais necessária do que nunca para informar aos legisladores e políticos sobre riscos relacionados com o clima e sobre as opções para reduzi-los".

A porta-voz da OMM, Clare Nullis, disse que a implementação do Acordo de Paris depende de maneira importante das ações dos estados, das cidades, dos municípios, do setor privado e que a mensagem que seus responsáveis enviaram após o anúncio de Trump "é que estão preparados para assumir as rédeas" na luta contra a mudança climática.

O diretor desta organização do Departamento para o Clima e a Água, Johannes Cullmann, admitiu que atualmente há quem põem em dúvida a base científica da mudança climática e explicou que a OMM trabalhou durante anos com cientistas americanos proeminentes, mas que agora existe uma oportunidade para comunicar e divulgar os achados de maneira mais entendida para o público.

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