Rato: "o aumento das temperaturas está empurrando a vida selvagem para o norte" (VseBogd/Thinkstock)
AFP
Publicado em 27 de novembro de 2017 às 21h27.
Os ratos no Canadá estão apresentando mutações e migrando para o norte em resposta às mudanças climáticas, de acordo com uma pesquisa da Universidade McGill divulgada nesta segunda-feira (27).
O estudo, publicado na revista científica Evolutionary Ecology, descobriu que "invernos mais amenos levaram a alterações físicas em duas espécies de camundongos no sul de Quebec nos últimos 50 anos", disse a pesquisadora principal, Virginie Millien, em um comunicado.
O estudo também corrobora a evidência de que "o aumento das temperaturas está empurrando a vida selvagem para o norte", acrescentou.
Ao longo da última década, os pesquisadores analisaram duas espécies comuns encontradas no leste da América do Norte - o rato-veadeiro e o camundongo-de-patas-brancas.
À medida que os invernos se tornaram mais amenos, o camundongo-de-patas-brancas se deslocou para o norte a uma velocidade de cerca de 11 quilômetros por ano, de acordo com o estudo.
Na Reserva Natural de Gault, no Mont Saint-Hilaire, a cerca de 40 quilômetros a leste de Montreal, no vale do São Lourenço, nove das 10 espécies capturadas na década de 1970 eram ratos-veadeiros, enquanto apenas 10% eram camundongos-de-patas-brancas.
Essas proporções se inverteram à medida que mais camundongos-de-patas-brancas atravessaram o rio São Lourenço, rumo ao norte.
"A teoria evolutiva prevê mudanças morfológicas em resposta ao aquecimento climático, mas há muito pouca evidência disso até agora em mamíferos", comentou Millien.
Comparando dados da década de 1950 em diante, os pesquisadores também descobriram que a forma do crânio de ambas as espécies mudou ao longo do tempo.
As mudanças são semelhantes em ambas as espécies, mas mais pronunciadas nos camundongos-de-patas-brancas.
Seus dentes molares também mudaram de posição, o que os cientistas supuseram que "pode estar relacionado a uma mudança na dieta causada pelas mudanças climáticas, combinada com a competição por recursos alimentares entre as duas espécies de ratos".
Isso "poderia refletir mudanças no tipo de alimentos que os ratos precisam mastigar".
Ainda não se sabe "se essas mudanças são genéticas e serão transmitidas às gerações futuras - evolução real - ou se elas representam uma 'plasticidade', a capacidade de algumas espécies de se adaptar a mudanças ambientais rápidas", concluiu o estudo.
Independentemente disso, as mudanças são significativas.
"Estamos falando de ossos e dentes, estruturas difíceis que não são fáceis de modificar", disse Millien.