Com relação à idade, depende do tipo de procedimento feito (Michele Tantussi/Bloomberg)
Agência de notícias
Publicado em 15 de agosto de 2023 às 09h05.
À medida que os procedimentos estéticos, tanto os minimamente invasivos quanto os cirúrgicos, ganham popularidade, é comum que muitas pessoas tenham perguntas sobre idade adequada, resultados esperados e momento ideal para buscar tratamentos estéticos.
Com base nisso, a Dra. Beatriz Lassance, cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, esclarece as principais dúvidas sobre o assunto. Confira:
Segundo a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, o que importa mais são a indicação e o momento em que o paciente se sente incomodado com os sinais da idade ou alguma alteração. “Quanto mais envelhecemos, maiores terão de ser as intervenções para chegar a resultados satisfatórios. Resultados esses que, na maioria das vezes, não serão tão bons quanto se o procedimento tivesse sido realizado antes”, diz a médica.
Com relação à idade, depende do tipo de procedimento feito. Por exemplo, a otoplastia, cirurgia da “orelha de abano”, pode ser realizada a partir dos seis anos, quando o crescimento do pavilhão auditivo é completo.
“Com relação aos outros procedimentos, é sempre importante ver a indicação e o que incomoda o paciente. Alguns pacientes podem fazer aplicação de toxina botulínica para tratar o suor excessivo aos 18 anos, enquanto, para tratamento facial, o ideal é esperar mais, a partir da terceira década”, diz a cirurgiã plástica.
Para evitar complicações e riscos à saúde, é fundamental que você se certifique de que o procedimento será realizado por um profissional especializado, que deve possuir habilitação em cirurgia plástica e credenciais para execução segura do procedimento. Para ter certeza disso, uma boa dica é visitar o site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
“Lá é possível pesquisar o nome do médico que realizará o procedimento e verificar se ele está devidamente credenciado junto à instituição. Além disso, vale a pena também procurar por outras pessoas que já tenham passado por procedimentos com o seu médico e verificar qual foi a experiência delas”, recomenda a Dra. Beatriz.
Depende do caso, mas o recomendado é sempre agir com cautela e conversar com o paciente, pois é impossível reverter, de uma única vez, todos os danos do envelhecimento causados ao longo de anos. O médico pode sugerir a combinação de diferentes procedimentos que, realizados em uma determinada sequência e ao longo de um certo tempo, potencializarão os resultados esperados.
Com certeza! Ao contrário do que muitos pensam, os procedimentos cirúrgicos, independentemente de sua finalidade, não são nada simples. Por isso, antes de toda e qualquer cirurgia plástica, e até mesmo de procedimentos estéticos menos invasivos, é fundamental que você aproveite as consultas para esclarecer todas as suas dúvidas – e cabe ao médico tirá-las. Pergunte sobre o tipo de anestesia, o tempo da cirurgia, se é necessário internação, como será o pós-operatório, quais são os riscos do procedimento, como serão as cicatrizes e quais os resultados esperados.
“Além disso, comunique seu médico sobre qualquer tipo de alergias ou doenças que você tenha e medicamentos que você use. Porém, é importante também que você escute seu médico, já que apenas ele poderá fazer uma avaliação e dizer se o procedimento que você deseja realizar é realmente o mais adequado para o seu caso. Caso contrário, ele poderá oferecer alternativas ao tratamento”, explica.
Considerando que toda cirurgia é um trauma, alguns hormônios também são liberados, como cortisol e adrenalina, e outros têm sua produção diminuída, como serotonina. Mesmo com anestesia e em ambiente seguro, nosso DNA, que foi criado há mais de 5 milhões de anos a.C, entende que o corpo está sendo atacado e, por isso, deve nos defender lutando ou fugindo e manda o organismo se preparar para isso liberando hormônios.
Já no período posterior ao trauma, o organismo precisa refazer o tecido afetado e repor toda a energia e reserva que foram gastas, logo outros hormônios são liberados. Interpretamos estes sinais com sensação de tristeza, ansiedade e até depressão, comuns no período perioperatório. Se o paciente já entra em cirurgia com esse mecanismo alterado, tudo será mais difícil ainda na recuperação.
“Problemas emocionais podem impactar a cirurgia plástica desde a primeira consulta! Muitas vezes, pacientes me procuram para fazer plástica por problemas emocionais, e não físicos; é muito fácil atribuir uma insatisfação pessoal com a vida, casamento, trabalho a alguma imperfeição física como mamas, nariz, rugas. A consulta é muito importante para realmente entender aquilo que o paciente está procurando”, esclarece a cirurgiã plástica.
A melhor época é quando o paciente consegue organizar a vida para o período pós-operatório. No período pós-operatório da maioria das cirurgias plásticas, não é recomendado fazer esforços, dirigir, tomar sol. Um resguardo é sempre necessário. Ideal escolher um período tranquilo. O inverno é bom para cirurgias, pois a exposição ao sol é menor, é menos calor, o que facilita o uso de cintas pós-operatórias, e é um período de férias escolares.
Não. A cada minuto, estamos envelhecendo. A cirurgia plástica não rejuvenesce, não consegue devolver o rosto de 30 anos à paciente que hoje tem 60. Se tentar vai errar, vai transformá-la em alguém diferente, plástico, não tão humano, como vemos em revistas de celebridades. “As técnicas cirúrgicas evoluem cada vez mais buscando aspecto natural da face. Paciente bem-operada não parece ter feito cirurgia, parece mais descansada, mais feliz”, finaliza a médica.
Por Guilherme Zanette