Ciência

Quem já teve covid-19 pode ter anticorpos pelo resto da vida, diz estudo

As células da medula óssea de quem teve uma infecção leve podem gerar defesas contra o coronavírus por décadas, embora novas variantes possam diminuir parte da proteção desenvolvida

Foram encontradas células produtoras de anticorpos em indivíduos 11 meses após os primeiros sintomas (KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Foram encontradas células produtoras de anticorpos em indivíduos 11 meses após os primeiros sintomas (KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Em estudo publicado na semana passada na revista científica Nature, pesquisadores da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, usaram amostras de sangue da medula óssea para avaliar se pessoas que tiveram casos leves de Covid-19 poderiam continuar produzindo anticorpos contra o coronavírus ao longo dos anos.

O resultado surpreendeu os pesquisadores, que agora possuem evidências de que surtos repetidos da doença serão raros. Isso porque 11 meses após a infecção com sintomas leves, as amostras de sangue avaliadas ainda apresentavam células imunológicas capazes de fabricar anticorpos.

“É normal que os níveis de anticorpos diminuam após a infecção aguda, mas não chegam a zero, eles se estabilizam. Encontramos células produtoras de anticorpos em indivíduos 11 meses após os primeiros sintomas. Essas células viverão e produzirão anticorpos pelo resto da vida das pessoas", afirma Ali Ellebedy, coautor do estudo.

No entanto, novas variantes do coronavírus podem atenuar os efeitos protetores, e isso pode indicar que imunizações adicionais por meio de vacinas podem ser necessárias para restaurar a capacidade do corpo de se proteger, diz Ellebedy. "Minha suposição é que precisaremos sempre de um reforço".

Para obter o resultado, a equipe coletou amostras de sangue de 77 participantes, em intervalos de três meses a partir de um mês após a infecção pelo vírus da Covid-19, o Sars-CoV-2. A maioria dos pacientes teve casos leves da doença, mas seis deles precisaram ser hospitalizados

Estudo italiano diz que imunização dura ao menos 1 ano

Em outra pesquisa, realizada pelo Hospital Fornaroli em Magenta, na Itália, e publicado na revista JAMA Internal Medicine, foram reunidos os dados de imunidade de mais de 15 mil pessoas. O grupo foi testado entre o começo de 2020 e fevereiro de 2021.

Nos testes iniciais, 13 mil tiveram resultado negativo e 1.579 mil, positivo. Entre eles, apenas 0,31% apresentaram um novo diagnóstico para a doença, e somente 1 em cada 5 pacientes reinfectados estavam com sintomas suficientes para precisarem de atendimento médico.

O tempo médio para reinfecção por Covid-19 após a imunidade também foi dado como bem longo, cerca de 230 dias após o contágio inicial e o que deu aos pesquisadores a medida de cerca de 1 anos de geração de anticorpos.

Os estudo não são comparáveis por levarem em conta análises sanguíneas diferentes. E em ambos os relatórios de pesquisa é defendido a necessidade de vacinação.

 

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