Ciência

Qual o segredo de Marte? Hope, missão dos Emirados Árabes, tenta descobrir

O objetivo do país, mais do que explorar o planeta vermelho, é obter o máximo de conhecimento sobre a atmosfera marciana

Marte: planeta será observado de perto pelos Emirados Árabes (MARK GARLICK/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Marte: planeta será observado de perto pelos Emirados Árabes (MARK GARLICK/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2021 às 18h14.

O orbitador Hope, primeira missão interplanetária dos Emirados Árabes, chega nesta terça-feira, 9, à órbita de Marte. O objetivo do país, mais do que explorar o planeta vermelho, é obter o máximo de conhecimento sobre a atmosfera marciana já conhecida pelos habitantes da Terra.

O Hope irá observar a atmosfera de Marte para ajudar os cientistas a entender melhor a interação entre as porções do planeta, também registrando detalhes como temperatura, umidade e níveis de poeira durante um ano todo em terras marcianas – o equivalente a 687 dias terrestres. As características serão enviadas a cada duas semanas para os pesquisadores na Terra. Os resultados serão divulgados com diversas instituições ao redor do mundo.

"O time já se preparou assim como se pode preparar para atingir a órbita de Marte", disse Sarah Al-Amiri, da United Arab Emirates Space Agency (UAE), em uma entrevista no dia 28 de janeiro.

A preparação, quando o assunto é orbitar, é essencial para que a missão dê certo: o sinal do orbitador deve demorar 11 minutos para alcançar a Terra. Se tudo der errado, a sonda é pré-programada para resolver seus próprios problemas durante os 27 minutos que podem demorar para que a espaçonave alcance uma órbita estável.

Os Emirados Árabes Unidos, com uma população que não chega a 10 milhões de habitantes, quase a mesma quantidade do estado de Pernambuco, enviaram a sua primeira missão espacial (tanto para o planeta vermelho quanto para qualquer lugar no espaço) no dia 19 de julho do ano passado. O lançamento foi realizado a partir do Centro Espacial de Tanegashima, no Japão.

O orbitador de Marte foi desenvolvido pelo Centro Espacial Mohammed Bin Rashid, com sede em Dubai, em parceria com o Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.

O anúncio da missão, feito em 2014, não foi muito levado a sério porque, na época, o país não tinha nem sequer uma agência espacial ou cientistas planetários. Seis anos depois, o jogo virou. A intenção dos Emirados Árabes é deixar de ter uma economia dependente do petróleo e avançar em novas frentes, como a científica.

A espaçonave tem um nome bastante subjetivo: Hope, que quer dizer esperança em inglês.

Existe vida em Marte?

A pergunta não ficou só na ponta da língua do cantor David Bowie em sua canção de 1971. A dúvida existe há muito tempo para cientistas, pesquisadores e empresas (privadas ou não). Em 2018, especialistas da Agência Espacial Italiana descobriram a existência de água líquida no planeta – o que poderia ser um forte indício de que algum ser poderia viver por lá. Mesmo se um tipo de vida alienígena não existir em Marte, a ideia de Musk é povoar o planeta com mais de 1 milhão de pessoas até 2050.

O plano ambicioso de Musk faz parte da missão de sua empresa, a SpaceX, que recentemente se tornou a primeira companhia privada a fazer um voo espacial tripulado nos Estados Unidos e quebrou um jejum de quase uma década sem lançamento de missões espaciais tripuladas a partir do território americano. Em 30 de maio, dois astronautas americanos foram enviados a Estação Espacial Internacional.

Para Marte, a agência espacial americana Nasa pretende enviar seu quinto (e mais poderoso) veículo a fim de encontrar evidências de vidas passadas e coletar pedras que poderão ser as primeiras a voltar para a Terra.

A China também está de olho nas terras vermelhas marcianas com a missão chamada de Tianwen-1, que significa “busca pela verdade celestial”. O objetivo dos chineses é realizar um levantamento da atmosfera do planeta e descobrir se existe água potável ou sinais de vida no local.

 

 

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