Ciência

Prova mais antiga de produção de vinho é encontrada na Geórgia

Até agora, a evidência mais antiga de produção de vinhos havia vindo de cerâmicas das Cordilheiras de Zagros, no Irã

Vinho: "O álcool tinha um papel importante em sociedades no passado, assim como tem hoje" (Judyta Olszewski/Reuters)

Vinho: "O álcool tinha um papel importante em sociedades no passado, assim como tem hoje" (Judyta Olszewski/Reuters)

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Reuters

Publicado em 13 de novembro de 2017 às 20h52.

Última atualização em 13 de novembro de 2017 às 21h10.

Washington - Enófilos tomem nota: 5980 a.C. foi um ano muito bom para vinhos.

Cientistas anunciaram nesta segunda-feira a descoberta da evidência conhecida mais antiga de produção de vinho, detectando sinais de químicos indicativos de bebida alcoólica fermentada feita de uvas em fragmentos de jarros de cerâmica de quase 8 mil anos em dois locais a cerca de 50 quilômetros de Tbilisi, capital da Geórgia.

As descobertas indicam que esta importante conquista cultural ocorreu antes do que previamente conhecido na região do Cáucaso Sul, na fronteira do leste da Europa e oeste da Ásia. Até agora, a evidência mais antiga de produção de vinhos havia vindo de cerâmicas das Cordilheiras de Zagros, no Irã, datadas de entre 5.400 a.C. e 5000 a.C..

"O álcool tinha um papel importante em sociedades no passado, assim como tem hoje", disse o arqueólogo Stephen Batiuk, da Universidade de Toronto, um dos pesquisadores do estudo publicado na revista acadêmica Proceedings of the National Academy of Sciences.

"O vinho é central para a civilização como conhecemos hoje no Ocidente", acrescentou Batiuk. "Como um remédio, lubrificante social, substância que altera a mente e commodity altamente valiosa, o vinho se tornou o foco de cultos religiosos, farmacopeias, culinárias, economias e sociedade no antigo Oriente Próximo."

David Lordkipanidze, diretor do Museu Nacional Georgiano que ajudou a comandar a pesquisa, disse que grandes jarros chamados qvevri, similares aos usados na antiguidade, ainda são usados atualmente para produção de vinho na Geórgia.

Os pesquisadores realizaram análises bioquímicas para encontrar componentes residuais de vinhos que as cerâmicas haviam absorvido. O arqueólogo biomolecular da Universidade da Pensilvânia Patrick McGovern encontrou evidências de ácido tartárico, um indício de preparação envolvendo a uva euroasiática, assim como três ácidos orgânicos associados: málico, succínico e cítrico.

A cerâmica foi encontrada em dois vilarejos neolíticos, no passado lar de talvez 60 pessoas cada, consistindo de pequenas casas de tijolos de barro. Os moradores colhiam trigo, criavam ovelhas, cabras e bovinos e usavam simples ferramentas feitas de ossos e obsidiana.

Os jarros cinzentos, alguns decorados com simples imagens de cachos de uvas e um homem dançando, tinham cerca de 80 centímetros de altura e 40 centímetros de largura. Evidências de vinho foram encontradas em oito jarros, sendo o mais velho de 5980 a.C.

"O vinho era provavelmente feito de forma similar ao tradicional método qvevri de hoje em dia na Geórgia, no qual as uvas são esmagadas e a fruta, caules e sementes são fermentados juntos", disse Batiuk.

Este não é o indício mais antigo de uma bebida alcoólica. Evidências foram encontradas na China de uma mistura alcoólica fermentada de arroz, mel e frutas, de cerca de 7.000 a.C.

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