Produtos de inteligência artificial registram aumento de patentes
A inteligência artificial é chave para produtos de computação de empresas de alta tecnologia e instituições em Estados Unidos, Japão e China
AFP
Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 16h05.
A ONU informou nesta semana que os pedidos de patentes para inovações baseadas em inteligência artificial (IA) aumentaram exponencialmente nos últimos anos, a ponto de mais da metade ter sido registrada desde 2013.
Segundo os novos dados da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), este aumento maciço recente indica que estas tecnologias deram uma passo de gigante fora do âmbito estritamente teórico.
"Houve um grande 'salto significativo' mais ou menos a partir de 2013", declarou em Genebra a jornalistas o diretor-geral da OMPI, Francis Gurry.
"A atividade de patentamento no âmbito da inteligência artificial está avançando a passos rápidos, de modo que é previsível que se produza um número muito alto de novos produtos, aplicações e técnicas baseados na IA que transformarão nossa vida cotidiana, e que determinarão a forma como nos relacionaremos com as máquinas que criarmos", acrescentou em um comunicado.
A inteligência artificial é um elemento-chave de muitos produtos de computação fabricados por empresas de alta tecnologia e instituições em Estados Unidos, Japão e China, incluindo telefones celulares, alto-falantes conectados e automóveis sem motorista. A inteligência artificial também pode ser utilizada em aplicações com fins militares e de saúde, entre outros.
Neste primeiro informe, intitulado "Tendências da tecnologia", a OMPI informa que foram apresentadas cerca de 340.000 solicitações de patentes vinculadas com a inteligência artificial (IA) desde que o termo foi cunhado, em 1956, e mais da metade destas foi apresentada desde 2013. Também foram publicados aproximadamente 1,6 milhão de artigos sobre o tema.
Este estudo se apoia em dados de 2016, mas Gurry afirma que há motivos para acreditar que o aumento astronômico destas solicitações continuou desde então.
"Duvido muito que esteja diminuindo", afirmou.
O alto funcionário da ONU insistiu em que não cabe à OMPI emitir um julgamento em relação a se estas novas tecnologias são boas ou ruins, dado que a função da agência é proporcionar a maior quantidade de dados empíricos para assim fornecer "inputs" para as importantes e necessárias discussões sobre a IA e suas implicações sociais.
Compreender a IA
"As ramificações da IA para o futuro do desenvolvimento humano são de grande alcance. O primeiro passo para maximizar os benefícios generalizados da IA e ao mesmo tempo lidar com os desafios éticos, legais e normativos é criar uma base factual comum para a compreensão da inteligência artificial", destacou Gurry.
"Ao apresentar o primeiro estudo de sua série 'Tendências da tecnologia', a OMPI (...) fornece projeções baseadas em dados empíricos, contribuindo, assim, para a formulação de políticas mundiais sobre o futuro da IA, sua governança e o marco de PI em que se sustenta", acrescenta o diretor-geral.
Segundo o estudo da ONU, as solicitações de patentes relacionadas com a IA representam aproximadamente 0,6% de todas, mas espera-se que esta porcentagem aumente.
O estudo também revela que 26 dos 30 principais solicitantes de patentes no campo da IA são empresas, e os outros quatro são universidades ou organizações públicas de pesquisa.
A IBM tinha a maior pasta de solicitações de patentes no campo da IA, com 8.290 no fim de 2016, seguida pela Microsoft, com 5.930. Os seguintes são Toshiba (5.223), Samsung (5.102) e NEC (4.406).
A China conta com 17 das 20 principais universidades que apresentaram solicitações de patentes no domínio da IA, e com 10 das 20 publicações científicas vinculadas com esta.
Entre os principais avanços alcançados pela IA, a OMPI destaca: "O aprendizado de máquina, em particular as redes neurais que revolucionaram a tradução automática, é a principal técnica de IA divulgada nas patentes, e figura em mais de um terço de todas as invenções identificadas".