Ciência

Probióticos podem melhorar memória de pacientes com Alzheimer

Indivíduos que tomaram leite enriquecido com bactérias benéficas se saíram melhor em testes cognitivos

Cérebro: pesquisa indica que probióticos podem fazer bem para memória de pessoas com Alzheimer (Bannosuke/Thinkstock)

Cérebro: pesquisa indica que probióticos podem fazer bem para memória de pessoas com Alzheimer (Bannosuke/Thinkstock)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 27 de novembro de 2017 às 05h55.

Última atualização em 27 de novembro de 2017 às 10h17.

Os probióticos são produtos que carregam uma determinada quantidade de micro-organismos vivos que fazem bem à saúde. Entre os principais seres microscópicos presentes em alguns iogurtes, leites fermentados e queijos, destacam-se os lactobacilos. Eles são capazes de reequilibrar a flora intestinal, o conjunto de bactérias que habita nosso sistema digestivo e nos ajuda a digerir os alimentos. E um novo estudo realizado na Universidade Kashan, no Irã, descobriu mais uma vantagem de colocar esses ingredientes na dieta.

Os cientistas analisaram 52 pessoas de 60 a 95 anos, todas diagnosticadas com Alzheimer, doença marcada pela deterioração dos neurônios e pela perda progressiva da memória e da capacidade de raciocínio. Os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro bebeu 200 mililitros de leite comum todos os dias durante doze semanas. Já a segunda turma ingeriu a mesma quantidade da bebida por 3 meses, mas a versão deles era enriquecida com os tais probióticos. Todos foram submetidos a coletas de sangue e testes de memória e aprendizado no início e ao final da experiência.

De acordo com os resultados, a turma que tomou o leite com os micro-organismos do bem se saiu melhor nas avaliações cognitivas, o que demonstra uma possível melhora no quadro da doença. Essa foi a primeira vez que os probióticos se mostraram efetivos no combate a problemas de memória.

Mas os pesquisadores ressaltam que o experimento não é definitivo, tampouco traz uma solução mágica: infelizmente, os pacientes continuaram gravemente prejudicados pela condição neurodegenerativa. Em outras palavras, o tratamento do Alzheimer continua sendo um desafio e tanto para médicos e cientistas.

Houve uma segunda boa notícia no estudo: além da diferença nos testes cognitivos, os exames de sangue apontaram uma melhora em triglicérides, colesterol, marcadores inflamatórios e resistência à insulina entre os participantes que beberam o leite com probióticos. A hipótese é que os lactobacilos ajudariam a regular a microbiota intestinal, o que promoveria os benefícios. Novos estudos mais abrangentes precisam ser realizados para comprovar os achados iniciais iranianos.

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