Coronavírus: pandemia acelerou digitalização da saúde, em um processo semelhante ao que aconteceu com a digitalização dos bancos (Amilcar Orfali / Correspondente/Getty Images)
Clara Cerioni
Publicado em 1 de julho de 2020 às 13h16.
Última atualização em 1 de julho de 2020 às 13h46.
A covid-19 acelerou tendências em todos os setores econômicos, mas o impacto da pandemia para a área de saúde vai ser disruptivo. Essa é a avaliação de especialistas em saúde, que participaram nesta quarta-feira, 01, do exame.talks para discutir a saúde do século XXI.
Estiveram presentes no bate-papo o fundador do Doutor Consulta, Thomas Srougi, o diretor geral da Prevent Senior, Pedro Batista, o CEO da Maida, Ney Paranagua e o co-fundador da Klivo, André Sá.
Há um consenso entre eles de que o futuro do atendimento à saúde terá como foco a experiência do paciente, em uma transformação semelhante ao que aconteceu com a digitalização dos bancos no país.
"Hoje nós temos um modelo bastante centrado nos hospitais, mas agora há uma tendência de uma maior experiência do usuário, nesse caso o paciente, com mais oferta de tecnologia e com foco na prevenção", diz André Sá, da Klivo.
A ampliação da telemedicina é vista como um dos pilares dessa digitalização da experiência, aliada à análise de dados e à inteligência artificial. Tudo, no entanto, depende de regulação — algo que ainda engatinha no país.
"A impressão que eu tenho é que neste ano, a covid-19 trouxe de fato a exponencialidade do mundo digital. Quando se instalou a situação atual no mundo, a gente passou a viver com uma realidade totalmente diferente e isso trouxe uma mudança nos nossos estados internos e alguns sensos de urgências diferentes", diz Paranaguá, afirma Ney Paranagua, CEO da Maida.
Para os especialistas em saúde, mesmo quando a situação da pandemia estiver controlada, a sociedade não deve "voltar ao normal", porque o mundo será diferente do que era antes da covid-19.
"Como médico, eu indico a toda a população: a covid-19 vai perdurar na nossa população por muito tempo e cabe aos serviços de saúde transformar a pandemia em endemia, ou seja, uma doença assim como todas as outras que deve ser tratada nos primeiros sintomas", diz Pedro Batista, diretor geral da Prevent Senior.
"A pandemia nos ensinou que devemos usar o setor de saúde para monitorar a saúde da população e não apenas para diagnosticar uma doença e isso vai exigir acompanhamento constante das pessoas, não só presencial, mas principalmente virtual", afirma Thomas Srougi, do Doutor Consulta.