Ciência

Nasa gastou só 10 centavos em tecnologia para a Lua; entenda o porquê

A startup Lunar Outpost recebeu o primeiro cheque da agência espacial para resolver o problema da "poeira lunar perigosa"

Justin Cyrus (esquerda), CEO da Lunar Outpost, e Bill Nelson (direita), diretor administrativo da Nasa, em coletiva de imprensa (Lunar Outpost/Reprodução)

Justin Cyrus (esquerda), CEO da Lunar Outpost, e Bill Nelson (direita), diretor administrativo da Nasa, em coletiva de imprensa (Lunar Outpost/Reprodução)

LP

Laura Pancini

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 11h20.

Parece pegadinha, mas não é: a agência espacial norte-americana Nasa pagou um total de 10 centavos à startup de tecnologia avançada Lunar Outpost para o desenvolvimento de um dispositivo que facilite a exploração do solo da Lua.

Tudo começou em dezembro de 2020, quando a Lunar Outpost foi escolhida pela agência para desenvolver um tipo de tecnologia que poderia separar a poeira lunar (ou "regolito") durante a mineração de recursos do solo.

O regolito não só faz mal aos humanos, como também pode danificar aparelhos. Portanto, para a exploração lunar, é preciso de algo que "filtre" a poeira e a impeça de atingir qualquer coisa.

A solução da Lunar Outpost é um sensor de qualidade do ar que "atende à necessidade da Nasa de conter a poeira lunar perigosa", explicou Bill Nelson, administrador da Nasa, em coletiva de imprensa no Simpósio Espacial na segunda-feira, 30.

Este trabalho da Outpost também "levou a uma tecnologia que detecta poluentes na Terra para proteger os bombeiros", disse Nelson.

Mas então, por que só 10 centavos? No contrato, a startup fez uma proposta simbólica de 1 dólar (por volta de 5,20 reais), do qual 10% desse valor voltaria à empresa.

“Nós tínhamos termos contratuais com eles, para quando eles produzissem seu primeiro elemento. Daríamos a eles 10% de sua adjudicação do contrato”, disse Nelson durante a coletiva. "Estou feliz, então, de entregar esse cheque de 10% de sua oferta. Justin, aqui estão 10 centavos."

Para o CEO da Lunar Outpost, Justin Cyrus, pouco importa o valor. "Isso define uma estrutura legal e processual que será utilizada por gerações e décadas, para que empresas como a nossa e muitas outras saiam e coletem recursos da superfície lunar de outros corpos planetários e os tornem basicamente úteis para a humanidade."

O cheque de 10 centavos será voltado para coletar e verificar poeira lunar para a agência. A startup planeja "demonstrar que são capazes" de pousar na superfície do polo sul da Lua, onde se acredita que a quantidade de água e gelo é abundante.

"Estaremos coletando 100 gramas apenas de regolito lunar", estimou Cyrus à Space.com, acrescentando que eles não separarão o material durante a coleta. A Lunar Outpost também ainda está procurando a tecnologia ideal para trazer a bordo, o que significa que pode demorar para o plano entrar em ação.

"Os recursos espaciais desempenharão um papel fundamental no programa Artemis da Nasa e no futuro da exploração espacial", disse Nelson. "A capacidade de extrair e usar recursos extraterrestres garantirá que as operações da Artemis possam ser conduzidas de forma segura e sustentável em apoio à exploração humana."

Acompanhe tudo sobre:AstronomiaLuaNasaStartups

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus