Ciência

Por que os físicos ainda estão obcecados com o gato de Schrödinger?

Experimento mental criado em 1935 segue no centro de debates porque sintetiza os dilemas mais profundos da mecânica quântica

Gato de Schrödinger: teoria de décadas ainda não foi desvendada (ChatGPT/Reprodução)

Gato de Schrödinger: teoria de décadas ainda não foi desvendada (ChatGPT/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 17h13.

Mesmo após quase 90 anos, o gato de Schrödinger continua vivo (e morto) na imaginação dos cientistas.

Criado pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935, o experimento mental pretendia expor o caráter aparentemente absurdo da mecânica quântica ao ser aplicada ao mundo macroscópico.

Em uma caixa fechada, um gato estaria, ao mesmo tempo, vivo e morto até que alguém a abrisse. A provocação, publicada na revista Naturwissenschaften, buscava criticar a interpretação dominante da época, defendida por Niels Bohr e outros pensadores da chamada Escola de Copenhague.

A obsessão científica persiste porque o paradoxo toca um ponto essencial: o que significa, afinal, medir algo na escala quântica? Estudos recentes em revistas como Nature e Science mostram que a fronteira entre o quântico e o clássico ainda é nebulosa. Mesmo que o gato nunca tenha sido uma proposta real, experimentos modernos com íons aprisionados, fótons entrelaçados e supercondutores, como os realizados no Massachusetts Institute of Technology (MIT), na Universidade de Yale e no Instituto Max Planck, produzem estados análogos à “superposição felina”.

O debate se intensificou com o avanço da computação quântica, que depende justamente da capacidade de manter partículas em superposição por longos períodos. O chamado “estado de gato” tornou-se um recurso técnico: qubits que simulam sistemas macroscópicos em dois estados simultâneos vêm sendo estudados como forma de tornar computadores quânticos mais estáveis.

Além da tecnologia, o paradoxo permanece porque também é filosófico. A chamada “interpretação de muitos mundos”, proposta nos anos 1950 por Hugh Everett e discutida amplamente em estudos contemporâneos, afirma que o gato não está vivo e morto na mesma realidade — mas que universos paralelos se desdobram a partir de cada possibilidade. Outras abordagens, como teorias de colapso objetivo ou interpretações baseadas em decoerência, exploram caminhos distintos, reforçando que o problema aberto por Schrödinger continua longe de um consenso.

Enquanto novas pesquisas expandem os limites da física quântica, o gato de Schrödinger segue como símbolo de algo maior: a dificuldade humana de compreender um mundo que não se comporta como o nosso senso comum espera.

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