Anticoncepcional masculino: consultas mostram que um número significativo de homens estaria disposto a tomar a droga (areeya_ann/Thinkstock)
Uma equipe de cientistas informou na quarta-feira, 23, ter desenvolvido uma pílula anticoncepcional masculina que demonstrou ser 99% eficaz em camundongos sem provocar efeitos colaterais.
O composto chamado de YCT529, não é um hormonal, e age sobre o receptor RAR-alfa, que desempenha um papel importante no crescimento celular, na formação de espermatozoides e no desenvolvimento embrionário.
Ao bloquear o receptor, o YCT529 reduziu drasticamente a contagem de espermatozoides do animal e foi 99% eficaz na prevenção da gravidez sem efeitos adversos observáveis. Os camundongos recuperaram a fertilidade 4 a 6 semanas após a interrupção do medicamento.
O estudo foi conduzido pela Universidade de Minnesota, e liderado pela professora Gunda Georg. Os detalhes sobre o teste laboratorial será apresentado na reunião de primavera da American Chemical Society e representam um marco na oferta de métodos de controle de natalidade e responsabilidades para os homens.
"Estou otimista de que avançaremos rapidamente", disse a professora Gunda Georg à AFP, que acredita que seu medicamento poderá ser comercializado em até 5 anos.
"Não há garantia de que funcionará, mas seria realmente surpreendente se não observássemos um efeito em humanos também", acrescentou a cientista.
O medicamente será uma alternativa para a vasectomia, vista como a única forma intencional de tornar um homem infértil. No entanto, diferente da pílula que pode ser temporária, a reversão da vasectomia é cara e nem sempre bem-sucedida.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita no Reino Unido, em 2019, sugere que muitos homens tomariam a pílula anticoncepcional se ela estivesse disponível.
Um terço dos britânicos sexualmente ativos diz que cogitaria usar um método contraceptivo hormonal, como a pílula ou implante. Trata-se da mesma porcentagem de mulheres britânicas que tomam atualmente o medicamento.
Oito em cada dez pessoas entrevistadas na pesquisa afirmam que a contracepção deveria ser uma responsabilidade compartilhada.