Ciência

Pesquisadores da USP identificam gravidade da covid-19 pelo sangue

O grupo de cientistas encontrou sete proteínas que podem diferenciar a gravidade dos casos

O estudo avaliou 163 pacientes internados no Hospital Estadual de Bauru (Jasmin Merdan/Getty Images)

O estudo avaliou 163 pacientes internados no Hospital Estadual de Bauru (Jasmin Merdan/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 10h33.

Um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) conseguiu identificar sete proteínas presentes no plasma sanguíneo que podem ajudar a descobrir a gravidade da doença em pacientes contaminados com o novo coronavírus.

Entre maio e julho de 2020, o estudo avaliou 163 pacientes internados no Hospital Estadual de Bauru. Todos estavam diagnosticados com covid-19 e foram divididos em casos leves, severos e críticos.

Ao comparar o proteoma, conjunto de proteínas de uma célula específica, dos três grupos, eles perceberam que os casos mais leves tinham uma predominância das proteínas IREB2, GELS, POLR3D, PON1, SFTPD e ULBP6.

Responsável por mediar a desregulação do sistema imunológico, a próteina IREB2 foi encontrada apenas naqueles que apresentavam sintomas leves. Como ela impede a formação de ferritina e o avanço de inflamação, os pesquisadores afirmam que o objetivo é encontrar drogas capazes de aumentar a produção desta proteína, impedindo o agravamento da doença.

Outras proteínas relevantes encontradas nos casos mais leves foram a POLR3D, que limita a infecção de bactérias e vírus intracelulares; a SFTPD, que cria uma espécie de camada protetora no pulmão e o defende de microrganismos inalados; e a geosolina, que tem propriedades anti-inflamatórias.

Já os casos mais graves tinham a presença de uma proteína chamada GaI-10, uma indicação de morte de células de defesa e que, de acordo com os pesquisadores, pode significar "um grau de comprometimento do sistema imune". Ela só foi vista em pacientes internados na UTI.

"Uma vez confirmado o fenômeno, anticorpos contra a Gal-10 poderão ser testados no tratamento de doentes que apresentarem alto nível dessa proteína no momento da admissão hospitalar", diz Marília Rabelo Buzalaf, pesquisadora do estudo, para a Agência Fapesp.

Por último, a PON-1, responsável pela degradação dos fosfatos orgânicos, também pode explicar a progressão da doença do coronavírus. De acordo com estudo realizado por outro grupo, os genes correlacionados com o ACE-2, receptor da célula para a entrada do coronavírus, são enriquecidos com as degradações dos fosfatos orgânicos.

Os cientistas coletaram amostras semanais de cada participante para as próximas etapas da pesquisa. Os dados preliminares do estudo foram publicados pela medRxiv, ainda sem a revisão de pares.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusUSP

Mais de Ciência

Por que esta cidade ficará sem sol até janeiro

Astrônomos tiram foto inédita de estrela fora da Via Láctea

Estresse excessivo pode atrapalhar a memória e causar ansiedade desnecessária, diz estudo

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda