Ciência

Vacina promissora contra o coronavírus encontra um problema surreal

Pesquisadores esperam que ritmo de contágio se mantenha para que testes mostrem se o produto de fato funciona contra o coronavírus

Vacina contra covid-19: pesquisador de Oxford diz que nada está garantido (Javier Zayas Photography/Getty Images)

Vacina contra covid-19: pesquisador de Oxford diz que nada está garantido (Javier Zayas Photography/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 23 de maio de 2020 às 20h05.

Última atualização em 24 de maio de 2020 às 11h09.

O professor Adrian Hill, pesquisador da Universidade Oxford, disse em uma entrevista que a promissora vacina contra coronavírus em desenvolvimento tem apenas 50% de chances de sucesso. É uma tentativa de Hill de mostrar que nada está garantido apesar da intensa expectativa em torno de sua pesquisa.

Hill disse ao jornal The Telegraph que seu time encontrou um problema que pode inviabilizar o prazo inicial de setembro para a distribuição das vacinas. O contratempo é curioso -- a redução no ritmo de contágio comunitário no Reino Unido dificulta a chance de os voluntários serem infectados. Com isso, os cientistas podem nunca saber se a vacina de fato faz diferença.

O grupo de pesquisadores de Oxford prometeu finalizar em agosto os testes clínicos da vacina, que já foi aplicada em 1.100 voluntários no fim de abril. Em 23 de abril, os pesquisadores injetaram a vacina nos 320 primeiros voluntários. É basicamente uma combinação do adenovírus de chimpanzé e do material genético de uma proteína encontrada na superfície do coronavírus – usada para infectar células humanas.

Hill afirmou ao Telegraph que 10.000 pessoas se voluntariaram para testar a vacina. "Estamos numa corrida contra o tempo", disse. "No momento há 50% de chances de não chegarmos a nenhum resultado. Estamos na bizarra posição de querer que a covid fique, ao menos um pouco mais".

O professor alertou para o risco de promessas exageradas e disse que não recomenda aos britânicos que agendem férias para outubro. Os resultados de um primeiro teste serão divulgados no início de junho.

A corrida por uma vacina contra o coronavírus fez com que a China planejasse começar a distribuir lotes mesmo sem testes finalizados. As previsões para a distribuição variam de setembro, como é (ou era) o caso de Oxford, até meados do ano que vem.

Atualmente o mundo tem 2,8 milhões de pacientes ativos de coronavírus, 2% deles em estado grave. O Reino Unido é o quinto país com mais casos confirmados até hoje, 257 mil. Mas o número de novos casos e mortes está em queda -- foram 3 mil casos nas últimas 24 horas.

Essa semana a farmacêutica AstraZeneca anunciou um negócio de 1,2 bilhão de dólares com o governo dos Estados Unidos para produzir 400 milhões de doses da vacina ainda em fase de testes. O governo britânico já aceitou comprar 100 milhões de doses da vacina, das quais 30 milhões estariam prontas já em setembro.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusVacinas

Mais de Ciência

Estresse excessivo pode atrapalhar a memória e causar ansiedade desnecessária, diz estudo

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo