Ozzy Osbourne: o elo perdido
Em conversa com o médico que analisou o DNA de Ozzy Osbourne, ALFA descobriu que o roqueiro é uma exceção entre os vertebrados
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2011 às 18h33.
Como foi que Ozzy Osbourne sobreviveu a tantos anos de loucura? Convertido agora em colunista de saúde da revista inglesa The Sunday Times, com o nome Dr. Ozzy, ele tratou de buscar uma resposta para esse enigma fazendo uma análise de seu próprio DNA. O sequenciamento genético ajudou a entender melhor seu estilo de vida e revelou uma resistência especial às substâncias entorpecentes, como álcool e cocaína.
“Ozzy não é diferente das outras pessoas, mas ele carrega variantes em seu DNA que são únicas e que nunca tinham sido vistas antes por ninguém na ciência”, comenta Nathan Pearson, diretor da Knome, empresa responsável pelo mapeamento dos genes do cantor. “E, embora ele não seja um mutante, seu sequenciamento tem características ainda inexplicáveis.”
Ozzy é uma espécie de elo perdido. Sua análise de DNA intriga e já pode ser considerada uma boa contribuição à ciência. Em entrevista a ALFA, Pearson explicou que foi encontrada uma variação na proteína dentro do gene ARRBF responsável pelo processamento de derivados do ópio, como a morfina e a heroína. “Não sabemos como o gene de Ozzy processa as drogas, mas ele é até agora uma exceção entre os vertebrados”, afirma Pearson.
O cientista conta que, ao isolar esse gene de outros animais — de um ser humano, macaco, aves até chegar a um peixe — em determinada coluna da proteína, encontra-se a letra K. “Isso sugere que se trata de um aminoácido importante para a evolução”, explica Pearson. Mas no caso da proteína de Ozzy foi encontrada a letra N. Foi a primeira vez que isso aconteceu em uma análise genética. “Foi uma surpresa, sem dúvida, mas não sabemos exatamente o que significa e que tipo de influência teve na sobrevivência do músico”, completa.
O sequenciamento confirmou que coexiste em Ozzy a predisposição a alguns vícios com uma baixa tolerância para certas substâncias. Seu DNA mostra, por exemplo, que ele tem seis vezes mais chance de ficar dependente de bebidas alcoólicas do que a média das pessoas e tem quase duas vezes mais possibilidade de se viciar em cocaína.
Em compensação, ele é vulnerável às alucinações com maconha e tem menos propensão a se apegar à heroína ou aos cigarros. “Durante a consulta, Ozzy comentou que, de todas as drogas, a única que o fazia passar mal era a heroína e que o cigarro foi o primeiro vício que ele deixou”, diz Pearson.
Segundo o cientista, o corpo do roqueiro tolera bem o álcool, mas não é especial o suficiente para se livrar dos efeitos nocivos causados pela bebida. Ozzy também não metaboliza a cafeína. “É como uma criptonita. Se ele toma uma xícara de espresso, sua cabeça vai para o teto”, diverte-se Pearson. O cientista notou que nosso “iron man” tem mais alergias que a média das pessoas e não consegue sentir certos cheiros. A mesma zona nebulosa foi verificada na genética musical de Ozzy. Pearson diz que foi encontrada uma variante relacionada com o talento do artista que indica uma aptidão para a música.
A equipe liderada por Pearson verificou também a ascendência do cantor. E é uma história que vai longe. “Ozzy é descendente dos neandertais”, afirma. Os cientistas também encontraram no roqueiro outra marca pouco comum: a Haplogroup-T2, característica de uma linhagem europeia iniciada no fim do Período Paleolítico.
Menos de 3% da população da Europa possui essa diferença genética. “Entre as vítimas do vulcão Vesúvio, que arrasou Pompéia em 79 d.C., havia uma família com a mesma variação”, diz. “Isso significa que Ozzy tem primos distantes na Itália.” E seu sangue tem traços da realeza e da bandidagem. A T2 foi encontrada no rei George I, no último czar, Nicolau II, e no criminoso americano Jesse James.
Apesar das exceções e variações improváveis, um resultado que surpreende na análise do DNA de Ozzy é que o roqueiro, de 62 anos é, afinal, um homem saudável. “Ele queria saber se sofria de mal de Parkinson, por causa dos tremores frequentes, mas o resultado mostra que ele não tem a doença”, diz Pearson. “Seu problema é o histórico abuso de drogas.”
Segundo ele, uma vantagem de realizar o sequenciamento do genoma é que, no futuro, quando Ozzy tiver de fazer uma cirurgia ou um tratamento, os médicos vão saber qual é o melhor medicamento para usar no procedimento. Além disso, o ineditismo de alguns de seus traços genéticos abre frentes de pesquisa que permitirão entender melhor o talento para a música ou a predisposição para a dependência química. “Ozzy está abrindo caminhos. É a partir dessas novidades que a ciência se desenvolve”, diz.
Como foi que Ozzy Osbourne sobreviveu a tantos anos de loucura? Convertido agora em colunista de saúde da revista inglesa The Sunday Times, com o nome Dr. Ozzy, ele tratou de buscar uma resposta para esse enigma fazendo uma análise de seu próprio DNA. O sequenciamento genético ajudou a entender melhor seu estilo de vida e revelou uma resistência especial às substâncias entorpecentes, como álcool e cocaína.
“Ozzy não é diferente das outras pessoas, mas ele carrega variantes em seu DNA que são únicas e que nunca tinham sido vistas antes por ninguém na ciência”, comenta Nathan Pearson, diretor da Knome, empresa responsável pelo mapeamento dos genes do cantor. “E, embora ele não seja um mutante, seu sequenciamento tem características ainda inexplicáveis.”
Ozzy é uma espécie de elo perdido. Sua análise de DNA intriga e já pode ser considerada uma boa contribuição à ciência. Em entrevista a ALFA, Pearson explicou que foi encontrada uma variação na proteína dentro do gene ARRBF responsável pelo processamento de derivados do ópio, como a morfina e a heroína. “Não sabemos como o gene de Ozzy processa as drogas, mas ele é até agora uma exceção entre os vertebrados”, afirma Pearson.
O cientista conta que, ao isolar esse gene de outros animais — de um ser humano, macaco, aves até chegar a um peixe — em determinada coluna da proteína, encontra-se a letra K. “Isso sugere que se trata de um aminoácido importante para a evolução”, explica Pearson. Mas no caso da proteína de Ozzy foi encontrada a letra N. Foi a primeira vez que isso aconteceu em uma análise genética. “Foi uma surpresa, sem dúvida, mas não sabemos exatamente o que significa e que tipo de influência teve na sobrevivência do músico”, completa.
O sequenciamento confirmou que coexiste em Ozzy a predisposição a alguns vícios com uma baixa tolerância para certas substâncias. Seu DNA mostra, por exemplo, que ele tem seis vezes mais chance de ficar dependente de bebidas alcoólicas do que a média das pessoas e tem quase duas vezes mais possibilidade de se viciar em cocaína.
Em compensação, ele é vulnerável às alucinações com maconha e tem menos propensão a se apegar à heroína ou aos cigarros. “Durante a consulta, Ozzy comentou que, de todas as drogas, a única que o fazia passar mal era a heroína e que o cigarro foi o primeiro vício que ele deixou”, diz Pearson.
Segundo o cientista, o corpo do roqueiro tolera bem o álcool, mas não é especial o suficiente para se livrar dos efeitos nocivos causados pela bebida. Ozzy também não metaboliza a cafeína. “É como uma criptonita. Se ele toma uma xícara de espresso, sua cabeça vai para o teto”, diverte-se Pearson. O cientista notou que nosso “iron man” tem mais alergias que a média das pessoas e não consegue sentir certos cheiros. A mesma zona nebulosa foi verificada na genética musical de Ozzy. Pearson diz que foi encontrada uma variante relacionada com o talento do artista que indica uma aptidão para a música.
A equipe liderada por Pearson verificou também a ascendência do cantor. E é uma história que vai longe. “Ozzy é descendente dos neandertais”, afirma. Os cientistas também encontraram no roqueiro outra marca pouco comum: a Haplogroup-T2, característica de uma linhagem europeia iniciada no fim do Período Paleolítico.
Menos de 3% da população da Europa possui essa diferença genética. “Entre as vítimas do vulcão Vesúvio, que arrasou Pompéia em 79 d.C., havia uma família com a mesma variação”, diz. “Isso significa que Ozzy tem primos distantes na Itália.” E seu sangue tem traços da realeza e da bandidagem. A T2 foi encontrada no rei George I, no último czar, Nicolau II, e no criminoso americano Jesse James.
Apesar das exceções e variações improváveis, um resultado que surpreende na análise do DNA de Ozzy é que o roqueiro, de 62 anos é, afinal, um homem saudável. “Ele queria saber se sofria de mal de Parkinson, por causa dos tremores frequentes, mas o resultado mostra que ele não tem a doença”, diz Pearson. “Seu problema é o histórico abuso de drogas.”
Segundo ele, uma vantagem de realizar o sequenciamento do genoma é que, no futuro, quando Ozzy tiver de fazer uma cirurgia ou um tratamento, os médicos vão saber qual é o melhor medicamento para usar no procedimento. Além disso, o ineditismo de alguns de seus traços genéticos abre frentes de pesquisa que permitirão entender melhor o talento para a música ou a predisposição para a dependência química. “Ozzy está abrindo caminhos. É a partir dessas novidades que a ciência se desenvolve”, diz.